Dia de Reis

UMA ESTRELA OS GUIAVA

 

Neste início de ano ainda vivemos intensamente o mistério do Natal. Naquela noite os sinos repicavam e anunciavam o nascimento do Salvador. Passados dias, a liturgia da Igreja nos apresenta a Epifania do Senhor, isto é a manifestação do Senhor Jesus como Senhor e Salvador da humanidade, também conhecido como dia dos Santos Reis.

A Palavra de Deus (Mt 2,1-12) ressalta a experiência de sábios do oriente que avistaram uma luz e a seguiram até a gruta de Belém. Hoje é o dia dos Santos Reis que se prostraram e adoram o Menino Deus. O Evangelho relato duas experiências bem diversas. A experiência dos Reis Magos que buscam, procuram, se informam, têm interesse. Eles chegaram a Jerusalém e perceberam que a estrela deixou de iluminar no horizonte. Mesmo nas dificuldades foram ao palácio de Herodes e se informaram sobre o nascimento do Menino Deus. Sabendo que era Belém o local, guiados pela estrela para lá se dirigiram e encontraram o Menino Deus. Sim encontraram o Filho de Deus deitado numa manjedoura. Prostraram-se e o adoram e ofereceram presentes como expressão de proximidade, acolhida. Porém esta não foi a atitude de Herodes e nem de quem carrega o orgulho, a grandeza, a dominação dentro de si. Herodes ficou perturbado ao saber que acabara de nascer o menino Deus. Ele pessoalmente não foi à procura, mas mandou procurar. Este é um jeito de viver de quem não acolhe o irmão, não se deixa moldar pela Palavra de Deus e nem pela compaixão com os que sofrem. O orgulho impede de nos aproximar das pessoas e reconhecer o menino Deus deitado numa manjedoura.

Neste dia da Epifania a Igreja lembra que Jesus não nasceu para uma família, um povo ou uma nação, mas para toda a humanidade. Os povos, raças e culturas encontram Nele o Salvador. O Filho de Deus assume a nossa condição humana e dá um novo rumo para a humanidade.

São Paulo escreve à comunidade de Efésios (Ef 3, 2-6) “Agora podeis entender o que me foi dado do mistério cristão: os gentios são co-herdeiros conosco, são membros do mesmo corpo e participantes da promessa em Jesus Cristo pelo Evangelho”. Esta é a universalidade da mensagem do Evangelho que não está preso a uma cultura, uma raça ou uma nação. O Evangelho é patrimônio da humanidade. Todos têm o direito de ser evangelizados, de ouvir falar sobre o nome de Jesus e a ele aderir através do seguimento. Muitas vezes ficamos fechados dentro de nós, dentro de nossos grupos, movimentos eclesiais e achamos que somos os únicos. Os que se fecham em si esquecem-se de acolher o irmão. O evangelho não é propriedade de um grupo, mas livro aberto, para todos. Toda a humanidade tem direito de usufruir da ‘água viva’ que é Jesus Cristo.

O profeta Isaias (Is 60,1-6) reanima a esperança dizendo: “Levanta-te, sê radiosa, eis a tua luz, a gloria do Senhor se levanta sobre ti, a sua glória te ilumina”. A partir do nascimento de Jesus Cristo uma luz ilumina sobre nós. São Lucas resume numa frase: “Graças à ternura e misericórdia de nosso Deus que nos veio trazer do alto a luz do sol nascente que há de iluminar os que jazem nas trevas” (Lc 1,78-79). Somos um povo privilegiado porque caminhamos guiados pela luz de Jesus. Essa é nossa missão, levar esta luz a todos os povos, raças e culturas. E só faremos isto se formos discípulos missionários de Jesus.

Rezar com a Igreja: “Ó Deus, que hoje revelastes o vosso Filho às nações, guiando-as pela estrela, concedei aos vossos servos e servas, que já vos conhecem pela fé, contemplar­-vos um dia face a face no céu. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.

E as antigas cantorias dos Santos Reis animam as comunidades com seu jeito simples e com profundidade:

Vem, oh povo, vem ouvir, Santo Reis está cantando

Para lhes anunciar, ai, ai, Que o Natal está chegando

O Filho de Criador Numa luz veio brilhando Nesta noite venturosa, ai, ai

 Falando de muito amor O grande Rei aqui chegou

Que todos possam ouvir, ai, ai Nosso Mestre Salvador

 O nascimento de Cristo Também trouxe alegria

Todos com o Santo Reis, ai, ai Comemorar o seu dia

 Vinte e cinco de dezembro É uma data especial

Vamos com José e Maria, ai, ai Festejar este Natal (Cantiga de Santo Reis – Família Dias)

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

 

Dom Juventino Kestering

Bispo diocesano