Iniciar o Advento

Estamos no primeiro domingo do advento. É o caminho de preparação para a celebração do Natal do Senhor. Advento é tempo de olhar para dentro de nós, para a família, comunidade e sociedade e avaliar qual é a nossa postura como cristãos. Advento é tempo de preparação ao Natal, de conversão do coração, de mudança de vida. É Ele, o Filho de Deus vai nascer no meio de nós.

A palavra de Deus (Mc 13,33-37), neste domingo se resume numa expressão: vigiai. O que se entende por vigiar para o sentido bíblico? Para a Bíblia vigiar não é estar de sobressalto, com medo, assustado, mas vigiar é uma atitude de disponibilidade para acolher a mensagem de Deus e estar atento às exigências do Evangelho. Vigiar é estar em sintonia com a comunidade, com os irmãos, com a família, com o planeta terra, com os mais necessitados. Neste primeiro domingo de advento a Igreja nos propõe esta atitude: vigiar. Quem está vigilante tem sempre os olhos abertos para a realidade, o coração e a mente voltados para justiça e acima de tudo acolhe o que Jesus ensina, o que a Igreja orienta.

Profeta Isaias (63,16-19) nos diz: “Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria de quem Se lembra de ti em teus caminhos“. Somos chamados por Deus muito antes de nós amarmos a Deus. O amor é uma iniciativa de Deus. E o profeta continua: “Senhor, tu és nosso Pai, nós somos barro, tu, nosso oleiro e nós todos, obras de tuas mãos”. Assim como no seio de uma mãe a criança vai se desenvolvendo; como um oleiro toma um pedaço de barro e faz um bonito vaso, assim e muito mais nós estamos nas mãos de Deus. Ele é o oleiro que vai nos moldando. Mas Deus respeita a liberdade e a individualidade de cada um. Por isso devemos nos deixar moldar por Deus que é atitude permanente de vigiar. Deixar moldar por Deus no caminho do Senhor, da justiça, da ética, da honestidade. Vida conduzida pela fé e pelo compromisso missionário como cristãos. Estar vigilante é crescer como cristão e como pessoa humana.

São Paulo (1Cor 1,3-9) partilha a sua experiência de vigiar. “Dou graças a Deus sempre a vosso respeito, por causa da graça que Deus vos concedeu em Cristo Jesus: nele fostes enriquecidos em tudo, m toda palavra, à medida que o testemunho Cristo se confirmou entre vós”. Acolher a Jesus Cristo é colocar-se no caminho de crescimento em três dimensões: A direção interior de cada pessoa no seu cultivo humano, no seu crescimento como pessoa e nas suas relações com os irmãos e com a sociedade. Ter a direção da fé em Jesus Cristo como núcleo central da vida. Fé como experiência pessoal do encontro com Jesus Cristo. E a terceira direção em busca de presença como cristão na família, nas profissões, na sociedade. Nestas três perspectivas o cristão caminha na atitude da vigilância segundo as exigências do Reino de Deus.

E São Paulo conclui: “Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, Senhor nosso”. Sim, Deus é fiel. Seu amor jamais falha. Sua fidelidade é eterna. Tão grande é seu amor que enviou seu Filho Jesus ao mundo para ser nosso salvador e redentor. Nele tudo podemos, pois “Ele é o caminho, a verdade e a vida“. A fidelidade de Deus revela o rosto de Deus. Fidelidade que se manifesta na bondade, misericórdia, ternura e compaixão. Mesmo que nos desviemos do caminho do Senhor, Deus continua fiel. Seu amor é sem fim. E para Deus, todo momento é tempo oportuno para voltar a vida para Deus.

Papa Francisco nos ensina: “Neste tempo de Advento, somos chamados a ampliar o horizonte de nosso coração, a deixarmo-nos surpreender pela vida que apresenta a cada dia suas novidades. Para isso, é preciso aprender a não depender de nossas seguranças, de nossos esquemas demarcados, porque o Senhor vem na hora que não imaginamos. Vem para nos conduzir a uma dimensão mais bonita e maior”.

Rezemos com a Igreja: Ó Deus todo-poderoso, concedei aos vossos fiéis o ardente desejo de possuir o Reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes bênçãos sobre cada um de nós. Confortai com vossa bondade os que trabalham em favor da vida ajudando os sofredores e abandonados a reencontrarem a dignidade e o gosto de viver. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

 

Dom Juventino Kestering

Bispo de Rondonópolis-Guiratinga