Parábola dos Dez Talento

GUARDAR OS TALENTOS OU PÔR A SERVIÇO!

 

Estamos no 33º domingo do tempo comum. A cor litúrgica dos paramentos e do espaço celebrativo é verde. Cor da esperança, da vida que se renova cada dia. Neste domingo o Papa Francisco propõe a “3ª Jornada Mundial dos Pobres”. Assim o papa nos encoraja a estender as mãos aos pobres e olhar com compromisso a realidade da pobreza que é fruto da injustiça.

Escreve o Papa Francisco sobre os pobres: “Não pensemos nos pobres apenas como destinatários duma boa obra de voluntariado, que se pratica uma vez por semana, ou, menos ainda, de gestos improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz. Estas experiências, embora válidas e úteis a fim de sensibilizar para as necessidades de tantos irmãos e para as injustiças que frequentemente são a sua causa, deveriam abrir a um verdadeiro encontro com os pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida. Na verdade, a oração, o caminho do discipulado e a conversão encontram, na caridade que se torna partilha, a prova da sua autenticidade evangélica. E deste modo de viver derivam alegria e serenidade de espírito, porque se toca com as mãos a carne de Cristo. Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia. O Corpo de Cristo, partido na sagrada liturgia, deixa-se encontrar pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis. Continuam a ressoar de grande atualidade estas palavras do santo bispo Crisóstomo: “Queres honrar o corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem O honres aqui no tempo com vestes de seda, enquanto lá fora O abandonas ao frio e à nudez. Portanto somos chamados a estender a mão aos pobres, a encontrá-los, fixá-los nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do amor que rompe o círculo da solidão. A sua mão estendida para nós é também um convite a sairmos das nossas certezas e comodidades e a reconhecermos o valor que a pobreza encerra em si mesma”.

O Evangelho (Mt 25,14-30 adentra na questão dos talentos e qualidades que recebemos. “Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados  e lhes entregou seus bens! A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou”. Chamou… entregou. viajou… são palavras centrais do evangelho. Somos chamados por Deus para uma missão. E recebemos talentos. Não iguais. Mas todos recebem talentos, qualidade, valores, dignidade, capacidade. É desejo do Criador que os talentos sejam colocados a serviço e que se multipliquem. Interessante notar numa comunidade onde os talentos são concentrados em uma ou em poucas pessoas, dificilmente se encontram substitutos. Mas na comunidade onde os talentos, os carismas, as capacidades são partilhadas há surgimento de novas lideranças para os serviços na comunidade. “O servo que tem medo do seu Senhor e teme o seu retorno, esconde a moeda debaixo da terra e ela não produz qualquer fruto. Isto acontece, por exemplo, com quem tendo recebido o Batismo, a Comunhão e a Crisma, depois enterra tais dons debaixo de uma camada de preconceitos, sob uma falsa imagem de Deus que paralisa a fé e as obras, a ponto de se fechar para a comunidade

Papa Francisco ensina: Esta parábola nos exorta a não esconder a nossa fé e a nossa pertença a Cristo, a não enterrar a Palavra do Evangelho, mas a fazê-la circular na nossa vida, nas relações, nas situações concretas, como força que coloca em crise, que purifica, que renova. Assim também o perdão, que o Senhor nos dá especialmente no Sacramento da Reconciliação: não o tenhamos fechado em nós mesmos, mas deixemos que desencadeie a sua força, que faça cair muros que o nosso egoísmo levantou, que nos faça dar o primeiro passo nas relações bloqueadas, retomar o diálogo onde não há mais comunicação… E por aí vai. Fazer com que estes talentos, estes presentes, estes dons que o Senhor nos deu sejam para os outros, cresçam, deem frutos, com o nosso testemunho” (homilia). São Paulo nos exorta (1Tit 5,6) “Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas. Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios”.

Rezemos com a Igreja: “Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa servindo a vós, o criador de todas as coisas”. Por nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes bênçãos sobre cada um de nós. Inspire os eleitores para escolherem os candidatos que realmente vão trabalhar em favor da comunidade. Confortai com vossa bondade os que trabalham em favor da vida ajudando os sofredores e abandonados a reencontrarem a dignidade e o gosto de viver. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Juventino Kestering

Bispo de Rondonópolis-Guiratinga.