Santidade nos tempos atuais

DIA DE TODOS OS SANTOS

 

Neste final de semana a Igreja celebra a liturgia de todos os santos e santas de Deus. Esta festa, nos anos passados era celebrada no dia lº de novembro. Era dia santo e feriado. Como o passar dos tempos deixou de ser feriado e em decorrência disto a Igreja transferiu esta celebração para o primeiro domingo do mês de novembro.

Celebrar o dia de todos os santos e santas é resgatar a dimensão profunda nosso ser cristão. Somos chamados/as para a vida em santidade. Esse modo santo de viver não significa algo de extraordinário ou de impossível, mas é o caminho do cristão na família, nas profissões, na ética, na justiça, nas relações com os irmãos na vivencia do cotidiano. Cada gesto realizado com amor e por amor, cada compromisso que assumimos em nossa missão nos levam ao caminho da santidade.

É lógico que a Igreja reconhece homens e mulheres que tiveram uma vida digna heroica em doação, em caridade, em compromisso com a missão e até o martírio. São mulheres e homens que a Igreja os reconhece como santos e dignos de serem nossos intercessores. Convém repetir que os cristãos não adoram os santos. Adoramos a Deus somente a ele. Os santos são venerados como exemplos, como modelos, como intercessores que nos ajudam a nos aproximar no caminho de Jesus.

A Palavra de Deus (Mt 5,1-12) adentra no caminho da santidade. Jesus nas bem-aventuranças propõe oito horizontes que sinalizam para uma vida santa: os pobre em espírito, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puro de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos por causa da justiça, o que sofrem injurias por causa do evangelho. As bem-aventuranças são as balizas que orientam a vida do cristão. E o eixo fundamental da moral cristã. Todo agir do cristão deve ter como base o espírito das bem-aventuranças. Tanto isto é verdade que as bem-aventuranças são consideradas o núcleo central da mensagem de Jesus Cristo. Nestas oito proposições Jesus resumiu todo seu ensino, toda sua vida e tudo que seus seguidores/as deveriam vivenciar para se identificarem como discípulos e discípulas de Jesus Cristo.

Papa Francisco ensina: “Os Santos não são super-homens e nem nasceram perfeitos. São pessoas que antes de chegar à glória do céu viveram uma vida normal, com alegrias e tristezas, fatigas e esperanças, mas quando conheceram o amor de Deus, o seguiram de coração, sem nenhuma condição ou hipocrisia”, “Eles dedicaram sua vida a serviço dos outros, suportaram sofrimentos e adversidades sem odiar e respondendo ao mal com o bem, difundindo alegria e paz. Os santos nunca odiaram. O amor é de Deus, mas o ódio vem de quem? Vem do diabo. Os santos se distanciaram do diabo. Os Santos são homens e mulheres que têm alegria no coração e a transmitem aos outros. Não devemos odiar os outros, mas servir aos outros, os necessitados, rezar e se alegrar: este é o caminho da santidade.” (homilia papa). O Papa destacou ainda que “ser santos não é um privilégio de poucos, como se alguém recebesse uma grande herança. Todos nós recebemos a herança de nos tornarmos Santos no Batismo. Ser santo é uma vocação para todos. Todos nós somos chamados a percorrer o caminho da santidade e o caminho que leva à santidade tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. No Evangelho, Ele nos mostra a estrada das Bem-Aventuranças”.

No livro do apocalipse (4,9-14), São João descreve sua experiência de vida: “Vi uma multidão de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do Cordeiro”. E uma voz perguntou: “Quem são eles”? Então ele me disse: “Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram suas roupas no sangue do cordeiro”. O cordeiro é Jesus que ofereceu sua Vida pelo resgate da humanidade. É no caminho de Jesus que alcançamos a santidade.

O Apóstolo São João (1Jo 3,1-3) revela a fonte da santidade: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos c amados filhos e filhas de Deus. E nós o somos”. Sim a fonte da santidade vem de Deus. Somos filhos e filhas amados de Deus. E Deus que nos amou por primeiro. Não somos concorrentes ou destruidores uns dos outros. Nem superiores ou dominadores, mas irmãos e irmãs, cuidadores, responsáveis. Essa é a dimensão mais fundamental da santidade. A santidade se alimenta pela caridade, pela oração, pelos sacramentos, pela leitura da Palavra de Deus, pela experiência de comunidade, pelo perdão, pela vida honesta, pelo exercício da profissão, pela família, pelo lazer sadio, pelo trabalho.

Rezemos com a Igreja: Deus eterno e todo-poderoso, que nos dais celebrar numa só festa os méritos de todos os santos, concedei-nos, por intercessores tão numerosos, a plenitude da vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes bênçãos sobre cada um de nós. Confortai com vossa bondade os que trabalham em favor da vida ajudando os sofredores e abandonados a reencontrarem a dignidade e o gosto de viver. Pela intercessão de todos os santos e santas, saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Juventino Kestering

Bispo diocesano