Quem é Jesus?

Estamos no 21º domingo do tempo comum. A cor dos paramentos e do espaço litúrgico é verde. Cor da esperança, da renovação, da vida que renasce. A pandemia ainda assola as famílias, o que impede a participação presencial nas celebrações acima de 30% da capacidade de pessoas sentadas no templo. A Igreja está em sintonia com mais de 112 mil famílias que perderam seus entes queridos.

A Palavra de Deus (Mateus 16,13-20) nos defronta com uma pergunta: “Quem é Jesus para nós. A pergunta para os discípulos continua a ressoar para nós: “Quem sou eu para vocês?” é a pergunta que inquieta, se não quisermos responder apenas com fórmulas aprendidas no catecismo ou com as mesmas palavras de Pedro, sem necessariamente alcança todo o significado da mais bela profissão de fé; “Tu és o Messias, o filho de Deus vivo”. Jesus faz a pergunta a cada um de nós e espera também uma resposta pessoal. Resposta que venha de fato da experiência pessoal com Ele que supere meros conceitos e fórmulas prontas”  (Pe. Paulo Bazzaglia, ssp ), in liturgia diária).

Papa Francisco ensina: “O Evangelho (Mt 16, 13-20) narra uma chave no caminho de Jesus com os seus discípulos: o momento em que Ele quer verificar a que ponto está a fé deles. Primeiro quer saber o que pensa d’Ele o povo; e o povo pensa que Jesus é um profeta, o que é verdade, mas não compreende o cerne da sua Pessoa, não capta o centro da sua missão. Depois, faz aos discípulos a pergunta que deveras lhe está mais a peito, ou seja, questiona-os diretamente: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. E com aquele «e vós» Jesus separa definitivamente os Apóstolos da multidão, como quem diz: e vós, que andais comigo todos os dias e me conheceis de perto, compreendestes algo mais? O Mestre espera dos seus uma resposta de certa envergadura e diversa em relação à da opinião pública. Com efeito, precisamente essa resposta brota do coração de Simão, chamado Pedro: «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo» (v. 16). Dos lábios de Simão Pedro saem palavras maiores do que ele, palavras que não vêm das suas capacidades naturais. Talvez ele não tenha frequentado a escola primária, e é capaz de proferir estas palavras, mais fortes do que ele! Mas são inspiradas pelo Pai celeste, o qual revela ao primeiro dos Doze a verdadeira identidade de Jesus: Ele é o Messias, o Filho enviado por Deus para salvar a humanidade. E desta resposta, Jesus compreende que, graças à fé doada pelo Pai, há uma base sólida sobre a qual pode construir a sua comunidade, a sua Igreja. Por isso diz a Simão: «Tu, Simão, és Pedro – ou seja, pedra, rocha – e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” .

Também conosco, hoje, Jesus quer continuar a construir a sua Igreja, esta casa com fundamentos sólidos, mas onde não faltam fendas, e que precisa continuamente de ser concertada. Sempre. A Igreja tem sempre necessidade de ser reformada, concertada. Sem dúvida não nos sentimos rochas, mas apenas pequenas pedras. Contudo, nenhuma pequena pedra é inútil, aliás, nas mãos de Jesus a pedra mais pequenina torna-se preciosa, porque Ele a recolhe, a conserva com grande ternura, a trabalha com o seu Espírito, e a coloca no lugar certo, que Ele desde sempre pensou e onde pode ser mais útil para toda a construção. Cada um de nós é uma pequena pedra, mas nas mãos de Jesus toma parte na construção da Igreja. E todos nós, por pequenos que sejamos, somos transformados em «pedras vivas», porque quando Jesus pega na sua pedra, a faz sua, a torna viva, cheia de vida, cheia de vida do Espírito Santo, cheia de vida do seu amor, e assim temos um lugar e uma missão na Igreja: ela é comunidade de vida, feita de tantas pedras, todas diversas, que formam um único edifício no sinal da fraternidade e da comunhão.

O encontro com Jesus, a descoberta de Jesus na vida e a decisão de Ele ser o horizonte de vida é um valor inestimável. Mais do que conhecer Jesus torna-se importante encontrar com Jesus, estabelecer um diálogo com ele e seguir os seus caminhos.

São Paulo, após a queda do cavalo, após a luz que o ofuscou, instruído por Ananias descobriu Jesus em sua vida e tornou-se o evangelizador das nações e dos povos. Diante desta experiência ele escreve: “Ó profundidade da riqueza, da sabedoria da ciência de Deus! Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos!… Na verdade, tudo é dele e para Ele. A ele a glória para sempre”.

Rezemos com a Igreja: Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espirito Santo. Amém

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo diocesano.