Vinde a mim!

O CHAMADO DE JESUS

 

Estamos no 14º domingo do tempo comum. A cor dos paramentos e do espaço litúrgico é verde. Neste dia a comunidade se reúne para encontrar-se com os irmãos e irmãs, para ouvir a Palavra de Deus, para celebrar a eucaristia e fortalecer a vida de fé. Mas estamos em tempo de pandemia, tempo de cuidado, de uso de máscara, sem aglomerações e outros cuidados para preservar a saúde. Tempo de um novo aprendizado, mas de experiência de fé, de amor a Deus e aos irmãos.

A Palavra de Deus (Mt 11,25-30) revela a bondade e a misericórdia de Deus. Jesus inicia com um louvor e agradecimento: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Meu Pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar”.

Jesus lamenta a atitude dos “sábios e cultos”, pois são aqueles que imaginam que não têm nada a aprender de Jesus, nem da comunidade, nem das pessoas. Levam uma vida de autossuficiência. Jesus afirma que essas pessoas tem dificuldade de entender a mensagem do Evangelho. Apesar do dom da vida, do batismo, da evangelização, da catequese… não se deixam converter. Já os “pequeninos”, com humildade aceitam o que Deus oferece e creem em Jesus Cristo, vivem como cristãos inseridos na comunidade e tem prática de caridade. Os “pequenos” buscam crescer. Desejam formação, orientações para a vida.

Nos caminhos da Galiléia, da Judéia e da Samaria Jesus se deparou com muita gente. Homens e mulheres, jovens e crianças que acolhiam a sua palavra. Paravam para escuta-lo. Caminhavam distancias para ouvi-lo. Mas por outro lado Jesus encontrou pessoas que faziam resistência, menosprezo e até agressão com palavras. Queriam até apedrejá-lo. É também um cenário da realidade de hoje, das nossas comunidades.  Daí vem a necessidade, como pede a Igreja, sermos missionários. Ir ao encontro das pessoas, de ser Igreja em saída. Levar a mensagem do evangelho.

E o Evangelho continua: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Lindas e consoladoras palavras. Por vezes carregamos na vida fardos pesados. Com a pandemia Covid19, quantas pessoas carregam o fardo da perda de um parente, do desemprego, da quarentena em casas pequenas, sem espaços. Outros carregam o fardo de doenças ou de falta de sentido para a vida. “Vinde a mim” é o convite de Jesus. Não podemos deixar de aceitar este convite. É o chamado de Jesus quando estamos cansados/as, fatigados com o peso da vida, da doença, das circunstâncias, dos problemas… até cansados de nós mesmos/as dos nossos desenganos, pecados e fracassos.

Diante disso o primeiro passo é admitir que se tenha limites e por vezes fardos pesados. Como temos vivido ultimamente? Sente cansado/a e chateado/a/? Nos desafios da vida a quem recorremos? Alguns caminhos nos ajudam: Primeiro a autoconfiança, a autoestima, o pensamento positivo, acreditar na sua capacidade e energia. Segundo, a confiança na ajuda de alguém: um diálogo com um amigo, com o esposo e a esposa, com um padre, com um psicólogo. Alguém que escuta. Que ajuda a mostrar um horizonte, que faz acender uma luz. E terceiro é Jesus Cristo: Ele é a vida, a esperança, a salvação. Ele que diz: “Vinde a mim vós todos que estais cansados e fatigados”. Os nossos fardos pesam, mas quando confiamos em Jesus Cristo, eles se tornam mais leves e suaves. Jesus nos ensina a viver confiando na Sua proteção para encontrar descanso, alívio e vida. Quando sentimos o fardo do pecado, do erro que machuca nosso coração e nos deixa inquietos, através da confissão e da misericórdia de Deus recebemos o perdão, a vida nova, a reconciliação.

O profeta Zacarias (9, 9-10) reanima os tristes e abatidos com palavras de esperanças: “Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento.. Ele suprimirá os carros de guerra na terra de Efraim, e os cavalos de Jerusalém. O arco de guerra será quebrado. Ele proclamará a paz entre as nações, seu império se estenderá de um mar ao outro, desde o rio até as extremidades da terra”. Mesmo que o fardo seja pesado, nada esta acima da graça de Deus. É impressionante encontrar pessoas que durante anos padecem, estão mutiladas, dependentes, mas sabem transmitir palavras de esperança, ou mesmo um sorriso de alegria. O mesmo se diz dos cuidadores e cuidadoras de doentes, de idosos, de pessoas com necessidades especiais. Renunciam tantas coisas para se dedicar com amor ao cuidado de um pai, de um filho, de um parente. Isto é expressão do amor de Deus.

Rezar com a Igreja: Ó Deus, que, pela humilhação do vosso Filho, reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo diocesano