Neste domingo, 28 de junho de 2020, o 13º do tempo comum, a Igreja Católica celebra a festa de São Pedro e São Paulo. Ambos morreram martirizados na perseguição do imperador Nero no dia 29 de junho do ano de 67 depois de Cristo, em Roma. Pedro e Paulo são pilares da Igreja nascente.
São Pedro é representado nos Evangelhos como o primeiro dos Apóstolos. Nos momentos decisivos, em que o seguimento de Cristo envolvia crises, é Pedro o porta-voz dos Apóstolos. Foi o primeiro a proclamar a fé na Igreja nascente. Seu nome de família era Simão, filho de Jonas, mas Jesus, no encontro com eles, mudou-lhe o nome para Pedro, pedra-rocha. Pedro era irmão de André, nascidos em Betsaida, pescador de profissão, casado e morava em Cafarnaum. Jesus o chamou para seguir e se tornar um de seus discípulos. Em Cesaréia de Felipe Jesus diz: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus e tudo que ligares sobre a terra, será ligado no céu, e tudo que desligares na terra será desligado também no céu” (Mt, 16,13-20). Depois da ressurreição, em Genesaré, Jesus dirige-se novamente a Pedro e lhe pergunta: “Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? Pedro respondeu: “Sim Senhor, tu sabes que eu te amo”. E Jesus acrescentou: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15). Assim Pedro recebeu diretamente de Jesus Cristo a missão de apascentar, de cuidar, de zelar o rebanho de Deus. Ele foi o primeiro Papa da Igreja.
O Evangelho de João narra o chamado de Pedro. Era um pescador. Assim se sucedeu: “André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João e que o tinham seguido. Foi ele então logo à procura de seu irmão e disse-lhe: “Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo)”. Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: “Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas (que quer dizer pedra)”.
São João, 1, 40-42). Pedro fez parte dos discípulos mais próximos de Jesus. Tinha algumas atitudes impulsivas. Após a morte e ressurreição de Jesus a liderança de Pedro se acentuou, conforme a narra a primeira parte do livro dos Atos dos Apóstolos. Pedro fez seu primeiro discurso querigmático no dia de Pentecostes (At 2, 14-36), onde três mil pessoas a receberem o batismo e presidiu a primeira comunidade cristã. Presidiu a assembleia apostólica (At 6,1-7) que elegeu Matias como substituto de Judas. Dirigiu o Concílio de Jerusalém (At 15,4-21) e deu início a um trabalho missionário. Tendo viajado por vários povoados e se dedicando a conversões de pagãos, esteve em Samaria, Lida, Jope e Cesárea, em Antioquia. Encontrou-se com São Paulo em Jerusalém (At 11), e apoiou a iniciativa deste, de incluir os não judeus na fé cristã, sem obrigá-los a participarem dos rituais de iniciação judaica.
Pedro escreveu duas cartas. Na primeira exorta à santidade (1Pd 1,12-21), à razão da esperanças: “Estai sempre prontos a responder se alguém lhes pedir a razão da esperança” (1Pd 3,15) e à prática das virtudes; “Sede, portanto, prudente e vigiai na oração. Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade… Exercei a hospitalidade” (1Ped 4,7-10). Na segunda carta Pedro apresenta a certeza da fé; “Na realidade, não é baseando-nos em fábulas imaginárias que vos temos feito conhecer o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo” (2Pd 1,16).
Por ordem do rei Agripa I foi preso e posteriormente encaminhado à Roma durante o reinado de Nero, onde passou a viver. Ali fundou e presidiu a comunidade cristã, base da Igreja Católica Romana e foi executado por ordem de Nero no ano 67 depois de Cristo. Conta-se também que pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, por se julgar indigno de morrer na mesma posição de Cristo. Seu túmulo se encontra sob a catedral de S. Pedro, no Vaticano, onde segundo a tradição encontra-se o túmulo legitimo de Pedro.
Neste dia celebra-se o dia do Papa. Pedro foi o primeiro papa. Hoje, Papa Francisco é o 265º sucessor de Pedro. O Papa tem como missão presidir toda Igreja, cuidar da unidade, animar a evangelização, confirmar os irmãos na fé, falar em nome da Igreja, ser o ponto de ligação entre todas as dioceses do mundo e assim cumprir o próprio pedido de Jesus de zelar pelo rebanho. O Papa convoca a Igreja para o compromisso com a evangelização, a defesa da vida, a promoção humana e dignidade da pessoa, a superação da fome, da miséria e a busca da paz. E acima de tudo, ser Igreja de saída que vai ao encontro, que se aproxima das pessoas e suas necessidades.
Papa Francisco insiste numa Igreja em saída: “Na Palavra de Deus, aparece constantemente este dinamismo de saída, que Deus quer provocar nos crentes. Abraão aceitou a chamada para partir rumo a uma nova terra. Moisés ouviu a chamada de Deus: “Vai; Eu te envio” (Ex 3, 10), e fez sair o povo para a terra prometida. A Jeremias disse: “Irás aonde Eu te enviar” (Jr 1, 7). Naquele “ide” de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova “saída” missionária. Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar as periferias que precisam da luz do Evangelho” (Papa Francisco, EG 20)
Rezar com a Igreja: Senhor, que nos encheis de santa alegria na solenidade dos apóstolos São Pedro e São Paulo, concedei à vossa Igreja que se mantenha sempre fiel à doutrina daqueles que foram o fundamento da sua fé Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.
Dom Juventino Kestering
Bispo de Rondonópolis-Guiratinga.
