Recebereis o Espírito Santo

 

A Igreja celebra neste final de semana o dia de Pentecostes. O espaço litúrgico e cor dos paramentos são vermelhos, sinal de fogo, de vida, de energia.

Ainda sob o efeito da pandemia do coronavirus a Igreja celebra de modo presencial com 30% da capacidade de pessoas sentadas no templo. Para muitos cristãos o dia de Pentecostes é celebrado na Igreja doméstica, em família, com a leitura da Palavra de Deus, com a participação da missa através das redes sociais. Sintonia com a humanidade que sofre, com o desemprego que assola as famílias, com as dificuldades que a população vai enfrentando. Mas a Igreja tem a missão de animar na fé e de promover a solidariedade.

 O Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, os congregou numa mesma fé e numa família. Conforme o Livro dos Atos dos Apóstolos “Veio do céu um barulho como se fosse um vento que encheu a casa onde eles se encontravam. Então apareceram umas línguas como de fogo que se repartiam e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 2,2-5).

O Espírito Santo é a força de Deus que ilumina, irradia, impulsiona a Igreja para a missão, fidelidade ao Evangelho e respeito pela pessoa humana. É pela ação do Espírito Santo que somos cristãos, testemunhamos a fé e nos inserimos na comunidade. Por Ele somos chamados e enviados para a missão de anunciar a todos os povos a salvação que vem de Deus. No Credo católico rezamos: “Creio no Espirito Santo”.  Assim anuncia-se o centro da fé: Crer em Deus Trindade: Pai, Filho e Espirito Santo. Mistério da fé. Acolhido pela gratuidade do coração à escuta de Deus.

No Evangelho (Jo 20,19-23) Jesus ensina: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”. Pela força do Espirito Santo Jesus envia em missão seus discípulos. Este envio atravessa séculos, cruza mares, vai de geração em geração e chega até nós. Uma característica da missão evangelizadora é perdoar os pecados, levar a misericórdia, lavar as mazelas da humanidade, curar os corações feridos pelo vício, pelo pecado, pela injustiça, ódio, guerra, corrupção, fome, destruição.

 Por isso a Igreja reza: “Ó Deus, que pelo mistério da festa de hoje, santificais a vossa Igreja inteira, em todos os povos e nações, derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo, e realizai agora no coração dos fiéis as maravilhas que operastes no início da pregação do Evangelho”.

A humanidade passa por crise de valores, de fidelidade, de ética. O papa Francisco fala em “globalização do relativismo”. Pelo anúncio do Evangelho a vida vai renascendo. Por isso, na oração do Prefácio a Igreja reza “para levar à plenitude os mistérios pascais, derramastes o Espírito Santo prometido, em favor de vossos filhos e filhas. Desde o nascimento da Igreja, é ele quem dá a todos os povos o conhecimento do verdadeiro Deus; e une, numa só fé, a diversidade das raças e línguas”.

A Diocese de Rondonópolis-Guiratinga tem como meta a evangelização, as missões populares, a vida plena para todos com destaque para os novos ambientes, para a família e jovens. Missão de todos os batizados. Ninguém pode ficar de fora. Agora é nossa hora de ser missionário/a e partir em missão nos bairros, edifícios, comunidades, famílias, presídios, hospitais, universidades e evangelizar os jovens, adultos e crianças. O Papa Francisco insiste em “Igreja em saída” que vai ao encontro das periferias sociais e existenciais. Igreja que tem uma missão de ir, de evangelizar, de levar a Boa Nova a todos os povos, culturas e raças.

São Paulo reflete sobre a presença o Espírito Santo na comunidade de Corinto e ensina (1Cor 12,4-5): “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um é o mesmo Senhor”. A unidade de vida, a harmonia no lar, a convivência harmoniosa na sociedade, a paz entre povos, culturas, religiões e raças é expressão da presença do Espírito Santo.

Rezemos com a Igreja: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis, e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra. Ó Deus, que instruístes os corações dos Vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo este mesmo Espírito e gozemos sempre de Sua consolação”.

O Profeta Isaias (61) reza: “Sobre ele repousará o Espírito do Senhor, espírito de SABEDORIA (perceber o que favorece a vida cristão e afastar-se doo que prejudica a vida). ENTENDIMENTO (capacidade de entender o Evangelho, os ensinamentos da Igreja). Espírito de CONSELHO (dom de saber escutar, orientar, dar uma boa palavra) e de FORTALEZA (dom que nos dá força para ser firmes na ética, na justiça e nos desafios da fé), espírito de CIÊNCIA (dom de aprofundarmos o conhecimento da fé e acolher os e ensinamentos de Deus), de PIEDADE (dom de agir como Jesus agiu diante dos pobres, dos sofredores) e de TEMOR DE DEUS (dom de transformar o temor em amor e quem ama está perto de Deus e dos irmãos). “Dai-nos é Deus, os dons do Espirito Santo para sermos vencedores nas provações, fortes na dor, perseverantes na caridade e sensíveis às pessoas que sofrem”. Estes dons são graças de Deus. Somente com nosso esforço, não podemos fazer com que cresçam e se desenvolvam. Necessitam da ação direta do Espírito Santo para podermos atuar conforme os ensinamentos do Evangelho. Que neste dia de Pentecostes possamos renovar o compromisso com a evangelização e que na diversidade estejamos sempre unidos como Igreja.

Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese abençoe e proteja nossa família. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados. Vamos irradiar alegria e fé e fazer coisas boas.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo da diocese de Rondonópolis-Guiratinga