Ascensão do Senhor Jesus

Ide e fazei discípulos 

 

A Igreja celebra no dia de hoje a Ascensão de Jesus aos céus. O mundo vive o drama da pandemia coronavírus que está ceifando milhares de vidas, deixando famílias órfãs e as pessoas assustadas diante de tudo que está acontecendo. Mas não podemos perder a esperança. Fortalecer os laços familiares, a oração na Igreja doméstica, a leitura da Palavra de Deus. As celebrações presenciais limitadas com as devidas orientações em especial com a participação de 30% da capacidade de pessoas sentadas no templo e mais ainda desaconselhando idosos e crianças de participarem

Conforme revelam as Escrituras, quarenta dias após a ressurreição, Jesus foi elevado aos céus. Suas últimas palavras foram “Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia e na Samaria e até os confins da terra”. E disse também: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do filho e do Espirito Santo e ensinando-os a observar tudo o que vos ordeneis. E eis que estarei convosco até os fins dos tempos” (Mt 28,29). O Credo que professamos nos ensina: “Subiu aos céus está sentado à direita de Deus Pai”.

Três pedidos de Jesus são significativos: “Ser testemunha de Jesus Cristo”, “ir e fazer discípulos” e “eis que estou convosco até os fins dos tempos”. O testemunho de vida cristã, honesta, ética, dialogante é identificação do discípulo/a missionário. Ir, fazer discípulos é ação dinâmica, comunicativa. É ser Igreja em saída e ir ao encontro do outro/a, de outra cultura para comunicar o Evangelho, a boa nova salvadora de Jesus Cristo. Mas há uma certeza: Não é uma ação humana, mas iniciativa de Deus, pois nesta missão Jesus está conosco até o fim dos tempos.

O Catecismo da Igreja Católica ensina que “A ascensão de Cristo marca a entrada definitiva da humanidade de Jesus no domínio celeste de Deus, de onde há-de voltar, mas que, entretanto, se oculta aos olhos dos homens.  Jesus Cristo, cabeça da Igreja, precede-nos no Reino glorioso do Pai, para que nós, membros do seu corpo, vivamos na esperança de estarmos um dia eternamente com Ele. Jesus Cristo, tendo entrado, uma vez por todas, no santuário dos céus, intercede incessantemente por nós, como mediador que nos garante permanentemente a efusão do Espírito Santo”.

Atos dos Apóstolos (1,8-11) ensina: “Não vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo. Dizendo isso elevou-se da terra à vista deles e uma nuvem o ocultou aos seus olhos. Enquanto o acompanhavam com seus olhares, vendo-o afastar-se para o céu, eis que lhes apareceram dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: Homens da Galileia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu“.

Elevou-se mais permaneceu conosco. Subiu, mas desceu em forma de Espírito Santo. Deixou, mas está bem próximo. Ausentou-se mas permanece para sempre conosco. Jesus, aproximando-se dos discípulos lhes disse: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.” Deste envio nasce a Igreja missionária, que vai pelo mundo anunciar o Evangelho de vida e da esperança. Através da conversão, da adesão, do compromisso do batismo, ir, ensinar, fazer discípulas e discípulos. Mas com uma certeza: Ele permanece conosco até os fins dos tempos.

A diocese de Rondonópolis-Guiratinga a longos tem como um dos projetos para as missões populares. Ir aos novos espaços. Levar a boa Nova do Evangelho. Ser Igreja missionária. Formar comunidades missionárias. Igreja em saída que vai ao encontro das pessoas. Papa Francisco ensina “Neste tempo de grandes transformações sociais, evangelizar requer uma Igreja missionária toda ela em saída, capaz de operar um discernimento para se confrontar com as diversas culturas e visões do homem. Para um mundo em transformação, há necessidade de uma Igreja renovada e transformada pela contemplação e pelo contato pessoal com Cristo, pela potência do Espírito. É o Espírito de Cristo a fonte da renovação que nos faz encontrar novos caminhos, novos métodos criativos, várias formas de expressão para a evangelização do mundo atual”.

Nesse dia 24 de maio, domingo da Ascensão, a Igreja Católica celebra o 54ª dia da Comunicação Social, com o tema Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10,2). A vida faz-se história”. A história de Cristo não é um património do passado; é a nossa história, sempre atual. Mostra-nos que Deus tomou a peito o homem, a nossa carne, a nossa história, a ponto de Se fazer homem, carne e história. E diz-nos também que não existem histórias humanas insignificantes ou pequenas. Depois que Deus Se fez história, toda a história humana é, de certo modo, história divina. Na história de cada homem, o Pai revê a história do seu Filho descido à terra. Cada história humana tem uma dignidade incancelável. Por isso, a humanidade merece narrações que estejam à sua altura, àquela altura vertiginosa e fascinante a que Jesus a elevou”, ensina o Papa na mensagem para este dia.

Papa Francisco convida para adentrar nesta temática pertinente para os tempos atuais. “Graças ao progresso tecnológico, o acesso aos meios de comunicação possibilita ter conhecimento quase instantâneo das notícias e divulgá-las de forma irradiadora. Estas notícias podem ser boas ou más, verdadeiras ou falsas, pois a mente do homem está sempre em ação e não pode parar de “moer” o que recebe, mas cabe a nós decidir o material que lhe fornecemos”, afirma o Papa. E continua: “Gostaria que esta mensagem pudesse chegar como um encorajamento aos que diariamente, no âmbito profissional ou nas relações pessoais, “moem” informações para oferecer um pão apetitoso e bom a quantos se alimentam dos frutos da comunicação construtiva. Rejeitando os preconceitos contra o outro, promova a cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a olhar, com confiança, a realidade”.

O recurso, a imagem, linguagem, das redes sociais, do teatro, da poesia, da música, dos gestos… são metáforas para comunicar a força do Reino de Deus deixa, ao ouvinte, o espaço de liberdade para acolher, interpretar, construir o núcleo da dignidade humana. Esta boa notícia é o próprio Jesus. Em Cristo, Deus fez-Se solidário com a situação humana revelando que não se está sozinho, pois Deus Pai nunca esquece seus filhos e filhas. “Não tenhas medo, que Eu estou contigo” (Is 43, 5) é a palavra consoladora de Deus na história do seu povo. Nasce a esperança acessível em especial onde a vida conhece a amargura, a dor e faz germinar a vida, como a planta cresce da semente caída na terra. A comunicação tem como meta superar a dureza de coração, a insensibilidade social, e o egoísmo em torno de si mesmo. Dessa maneira quanto mais avançam as tecnologias mais podem se colocar a serviço da cooperação, do mútuo fortalecimento das relações sociais, grupais e interpessoais.

Rezemos: Ó Deus todo-poderoso, a ascensão do vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de seu corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo…

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo da diocese de Rondonópolis-Guiratinga