Eu sou o caminho

 QUINTO DOMINGO PASCAL

 

Estamos no 5º domingo depois da Páscoa. Seria um tempo de alegria, de esperança e de certeza da presença de Jesus ressuscitado em nossa vida, mas a Pandemia do coronavirus nos fez celebrar e viver o tempo Pascal de um modo diferente.

Um parágrafo da mensagem da CNBB assim expressa: “fechou-se as portas de nossas igrejas, mas a Igreja não está fechada, ela continua alimentando seus filhos e filhas através da oração, da Palavra, das celebrações transmitidas pelas TVs Católicas, rádios e mídias sociais, continua assistindo aos pobres e mais necessitados pela caridade e criando redes de solidariedade. Não sabemos até quando esta crise durará, porém, já se começa a ver sinais de possíveis superações. É preciso, vivermos com responsabilidade este momento, incentivando o nosso povo ao cuidado com a própria vida e com a vida do próximo, como nos exortou a Campanha da Fraternidade: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10, 33-34).

A palavra de Deus (Jo 14, 1-12) é experiência profunda de sermos amados por Deus. Que palavras carinhosas: “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus; crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, como teria dito Eu que vos vou preparar um lugar E quando Eu tiver ido e vos tiver preparado lugar, virei novamente e hei-de levar-vos para junto de mim, a fim de que, onde Eu estou, vós estejais também. E, para onde Eu vou, vós sabeis o caminho.» Disse-lhe Tomé: “Senhor, não sabemos para onde vais, como podemos nós saber o caminho”? Jesus respondeu-lhe: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim. Se me conhecêsseis certamente conheceríeis meu Pai. Desde agora o conheceis pois o tendes visto”.

A pergunta que Tomé fez a Jesus “Senhor, nós não sabemos para onde vais; como podemos conhecer o caminho”, reflete uma realidade de vida. É pergunta que brota do fundo do coração. Há em cada pessoa o desejo de saber e conhecer o caminho. Os tempos atuais sinalizam para a sociedade que optou pelo caminho do capital, do individualismo, da satisfação imediata, da posse de bens e das coisas. Centrado em si, em seu mundo, nas redes sociais. E isto marca profundamente a pessoa. Aumenta a insatisfação, a irritação, a intolerância; as pessoas não se suportam, as famílias em dificuldade de diálogo, jovens no caminho da droga.

Jesus é caminho, A comunidade cristã, a família, os grupos de pastoral, os movimentos da Igreja necessitam deste rumo que é Jesus. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Não há outro caminho que nos leva para Deus, para a justiça, para a solidariedade, para o amor ao irmão. Jesus é Caminho que indica um rumo certo; Jesus é Verdade. Quem Nele crê não fica confundido. Ele é a Verdade. Jesus é Vida, dom maior de Deus. Não somente a vida enquanto nosso ser, mas vida que gera vida de amor, fraternidade, perdão, doação, acolhida, cuidado.

A comunidade cristã encontra em Jesus, na sua vida, morte e ressurreição o caminho para viver a vida cristã que se reúne em nome de Jesus. Em Jesus de Nazaré, encontramos não só o caminho para viver a vocação de seres humanos, mas também a vida em comunhão com Ele.

Os bispos, reunidos em Aparecida, disseram: “Jesus Cristo é o Filho de Deus verdadeiro, o único Salvador da humanidade. A importância única e insubstituível de Cristo para nós, para a humanidade, consiste em que Cristo é o caminho, a Verdade e a Vida. “Se não conhecemos a Deus em Cristo e com Cristo, toda a realidade se torna um enigma indecifrável; não há caminho e, ao não haver caminho, não há vida nem verdade”. No clima cultural relativista que nos circunda, onde é aceita só uma religião natural, faz-se sempre mais importante e urgente estabelecer e fazer amadurecer em todo o corpo eclesial a certeza de que Cristo, o Deus de rosto humano, é nosso verdadeiro e único salvador”. (DA 22). 

 Confortante a mensagem de São Padro (1Pd 2, 4-9) aos Romanos: “Aproximai-vos do Senhor, que é a pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E vós mesmos, como pedras vivas, entrai na construção deste templo espiritual, para constituirdes um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso se lê na Escritura: “Vou pôr em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa; e quem nela puser a sua confiança não será confundido”. Honra, portanto, a vós que acreditais. Para os incrédulos, porém, “a pedra que os construtores rejeitaram tornou–se pedra angular, “pedra de tropeço e pedra de escândalo”. Tropeçaram por não acreditarem na palavra, à qual foram destinados. Vós, porém, sois “geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus, para anunciar os louvores” d’Aquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável”.

Muitas vezes nos perguntamos: “Qual o caminho que devemos percorrer para a vida mais plena”? Jesus fala de caminho, verdade e vida. Assim Ele nos transmite a certeza que se identifica com a nossa existência, com a nossa história e com a experiência vivida. Crer, confiar e seguir de Jesus, é caminho onde o coração atribulado e inquieto encontra refúgio e luz. Jesus não quer que nenhum de seus filhos e filhas tenha o coração atribulado. As dificuldades, desafios surgem na vida, na família, na profissão, nas relações com as pessoas que estão ao nosso redor. Mas a certeza do caminho que é Jesus abre novos horizontes de vida.

Rezemos: Senhor nosso Deus, que nos enviastes o Salvador e nos fizestes vossos filhos adoptivos, atendei com paternal bondade as nossas súplicas e concedei que, pela nossa fé em Cristo, alcancemos a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós em especial hoje todas as mães. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Diocese de Rondonópolis-Guiratinga.