A lei do amor

A comunidade se reúne para celebrar a eucaristia ou a celebração da Palavra para alimentar a vida cristã. Neste 7º domingo, 23 de fevereiro de 2020 somos convidados a meditar as palavras conhecidas, como a Nova Lei, relida por Jesus que ensina e anuncia com palavras e gestos concretos. (Mt5, 38-48). O texto é nítido como Jesus faz a passagem do Antigo para o Novo Testamento. Se antes era assim, agora vai ser diferente, pois o horizonte não é mais a Lei, mas o Amor.

O Papa Francisco ensina: “a explicação da lei que era uma lei na qual não existia o coração próprio dela, que é o amor de Deus, por isso Jesus repete o que estava no Antigo Testamento: Qual é o maior Mandamento? Amar a Deus, com todo o coração, com todas as forças, com toda a alma; e ao próximo como a ti mesmo”. E Jesus toma isto e retoma o verdadeiro sentido da Lei para levá-la à sua plenitude. Mas para que chegue à plenitude… é preciso rezar pelos inimigos”. “Amar o inimigo é o último passo desta estrada, é o mais difícil”, manifestou o Santo Padre.

O Evangelho abre a perspectiva do novo relacionamento humano para além das muralhas que se costumam construir. Para amar uma pessoa é necessário entrar em relação com ela. Por isso, “amar o inimigo” é entrar em relação com ele ou com ela. É oferecer uma nova oportunidade, é agir conforme as exigências do seguimento de gestos Cristo é testemunhar como cristão. É uma relação que implica as duas partes que se relacionam e produz mudança em cada uma delas. Quem é capaz de oferecer mudanças para nossa vida, nosso modo de pensar, agir e ser é Jesus cristo.

No Evangelho Jesus se posiciona contrario à prática das leis que não dignificam a pessoa, que a separam em grupos dos justos e os injustos. E quantas pessoas estão hoje à margem da vida, estão no fundo do poço, caído no desânimo, na depressão, na descrença e até na perda da autoestima porque não foram amadas e nem perdoadas, ou não quiseram receber o perdão e recomeçar a vida. Somos nós que classificamos as pessoas, que julgamos segundo nossos olhares egoístas, interesseiros e muitas vezes insensíveis. Toda pessoa é amada, querida e pensada  por Deus. É necessário entrar em relação com Deus e com as pessoas. E as pessoas que se apresentam como problema para mim, aquelas que nos ofenderam, nos machucaram? 

O Papa Francisco dos dá a orientação: “Nunca tenham medo da ternura”.  O modelo para a vida cristã enfrenta desafios na sociedade atual. Ser cristão não é ser como qualquer um, mas é ter outros valores e postura de vida ética e solidária. O fundamento desses e valores provem do o amor do Pai e a vida de Jesus.

Jesus revela um amor inclusivo e nos convida a participara desta nova experiência de vida. mas este amor tem exigências: “Aquele que te fere na face direita, oferece-lhe também a esquerda” (Mt 5, 39). Jesus Cristo estabelece novas bases no modo de ser do seguidor de Jesus Cristo: o amor, o perdão das ofensas, a superação do orgulho.  São João Crisóstomo ensina: “O homem não tem nada de tão divino – tão de Cristo – como a mansidão e a paciência na prática do bem”. O novo modo das relações sociais, fraternas e familiares passa por um novo modo de pensar, de ser e de agir. Por vezes tudo isto é muito exigente como: “Amai os vossos inimigos, rezai por aqueles que vos perseguem e caluniam” (Mt 5, 44),  nos tratam mal,  difamam e roubam a honra. Jesus nos deu exemplo na cruz: “Pai perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”.

É o amor que supera todas as adversidades. Neste sentido são Paulo nos orienta: “ninguém se iluda: se alguém de vós pensa que é sábio nas coisas deste mundo, reconheça sua insensatez para se tornar sábio de verdade; pois a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus; só com a sabedoria que vem de Deus podemos escolher o caminho da santidade”.

Rezar com a Igreja: Concedei, ó Deus todo-podero­so, que, procurando conhecer sem­pre o que é reta, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que Sagrado Coração de Jesus, Patrono da Diocese derrame graças e bênçãos. Saúde aos doentes, alegria aos tristes e esperanças aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo de Rondonópolis-Guiratinga