Meus olhos viram a salvação

Estamos no primeiro domingo do mês de fevereiro. Hoje, dia 02, a Igreja celebra o dia da “Apresentação do Senhor”, dia de Nossa Senhora de Candelária, Nossa Senhora da Luz e também dia de benção de velas.

O Catecismo da Igreja Católica ensina (529) “A apresentação de Jesus no Templo mostra-o como o Primogênito pertencente ao Senhor. Com Simeão e Ana, é toda a espera de Israel que vem ao encontro de seu Salvador. Jesus é reconhecido como o Messias tão esperado, “Luz das nações” e “Glória de Israel”, mas também “sinal de contradição”. A espada de dor predita a Maria anuncia esta outra oblação, perfeita e única, da Cruz, que dará a salvação que Deus “preparou diante de todos os povos”.

“Levaram o Menino a Jerusalém, a fim de O apresentarem ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor” (Lc 2, 22). A Igreja Católica celebra no dia 2 de fevereiro o dia da “Apresentação do Senhor Jesus” ao templo “conforme está escrito na Lei do Senhor”. Historicamente esse rito remonta do Antigo Testamento quando os meninos primogênitos do sexo masculinos, após quarenta dias do nascimento, eram apresentados ao Senhor.

No Novo Testamento foi considerada como festa mariana, com o nome de Purificação da Bem-aventurada Virgem Maria. A partir da reforma litúrgica após o Concílio Vaticano II, passou a ser denominada de dia da Apresentação do Senhor, contando quarenta dias a partir do Natal.

O Evangelho de São Lucas (2,22-40) relata: “Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao SenhorMaria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. Conforme está escrito: ‘Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor” (Lc 2,22). Fazia parte do ritual, oferecer algo a Deus conforme suas posses. Assim José e Maria, pobres da periferia de Nazaré ofereceram um par de rolas ou dois pombinhos, como está ordenado na Lei do Senhor.

Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão, “o qual era justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Conduzido pelo Espirito Santo, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: “Agora, Senhor, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”.

Após tomar o menino nos braços e bendizer ao Senhor, o profeta disse à Maria: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” (Lc 2,34-35).

Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Segundo a tradição, passava seus dias no Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. E ao ver o Menino Jesus “Ana pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém”. Neste texto acima citado valoriza-se o papel dos idosos, dos avós, das viúvas. Eram excluídos e esquecidos na sociedade. O texto bíblico faz questão de omitir os estudiosos, os chefes e poderosos do templo e resgatar a missão dos pobres, dos idosos e desvalidos.

O evangelho de Lucas, ao terminar o relato da infância de Jesus, conclui: “Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele”. Um desafio para os dias atuais: como educar uma criança, quais as bases da educação humana, social, cultural e religiosa de uma criança? Em meio as tecnologia, como ajudar uma criança a crescer em “idade, sabedoria e graça”?

 “O reencontro de Jesus no Templo é o único acontecimento que rompe o silêncio dos Evangelhos sobre os anos ocultos de Jesus. Nele Jesus deixa entrever o mistério de sua consagração total a uma missão decorrente de sua filiação divina: “sabíeis que devo ocupar-me com as coisas de meu Pai”? (Lc 2,49). Maria e José “não compreenderam” esta palavra, mas a acolheram na fé, e Maria “guardava a lembrança de todos esses fatos em seu coração” (Lc 2,51)

Rezar com a Igreja: Deus eterno e todo-poderoso, ouvi as nossas súplicas. Assim como o vosso Filho único, revestido da nossa humanidade, foi hoje apre­sentado no templo, fazei que nos apresentemos diante de vós com os corações purificados. Por nosso Se­nhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Deus abençoe as famílias, que a exemplo da Família de Nazaré, aponte para seus filhos o seguimento de Jesus. Como Simeão possa contemplar e oferecer o menino Deus para as pessoas, com sua cultura e etnia dizendo: Os meus olhos viram a vossa salvação.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering.

Bispo diocesano