Eis o cordeiro de Deus

Estamos no segundo domingo do tempo comum. Passados os dias da celebração do nascimento de Jesus, da apresentação ao templo quando lhe deram o nome de Jesus, da adoração dos reis do oriente, do batismo de Jesus a Igreja convida os cristãos para continuarem a caminhada de fé e de pertença à comunidade eclesial acolhendo no domingo de hoje “Jesus, o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do Mundo”.

Assim fala o Evangelho: “No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É este de quem eu disse: Depois de mim virá um homem, que me é superior, porque existe antes de mim. Eu não o conhecia, mas, se vim batizar em água, é para que ele se torne conhecido em Israel. João havia declarado: Vi o Espírito descer do céu em forma de uma pomba e repousar sobre ele. Eu não o conhecia, mas aquele que me mandou batizar em água disse-me: Sobre quem vires descer e repousar o Espírito, este é quem batiza no Espírito Santo. Eu o vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus” (Jo 1,29-34). A expressão mais significativa do Evangelho é o testemunho de João. Testemunho baseado naquilo que viu, sentiu, experimentou: Jesus é filho de Deus, é o Messias, o Salvador. “Eu vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus”. O testemunho de vida, de missão não é uma opção ou uma circunstancia às vezes até de engrandecimento e aplausos. O testemunho se constitui como algo inerente à vida do cristão e como mandamento de Senhor. Os bispos dos países da América do Sul reunidos em Aparecida em 2006 escreveram um texto expressivo para nossa vida: “O testemunho é fundamento para todos os setores da Igreja. Assim o bispo, como bom Pastor da Igreja numa diocese deve ser “testemunha de esperança” e da proximidade de Jesus. Isto vale para os padres, para os leigos e leigas. A vida de fé, de compromisso com a Igreja, de ética e justiça, testemunha que Deus preenche a vida de sentido e de alegria”.

O Evangelho (Jo 1, 29-34) mostra o início da missão de Jesus. João Batista apresenta Jesus como: “O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Ele é o ungido do Senhor. Ele batizará no Espírito, na verdade. Ele é o Filho de Deus. Ele chama e envia em missão. Essa é a missão de todo cristão: preparar o caminho do Senhor e o encontro do homem com Deus, levantar o olhar e proclamar bem alto: “Eis Aquele que o teu coração está procurando, eis Aquele que veio para te amar e te salvar”. Ele é Jesus. Isto nós testemunhamos e anunciamos.

 O Papa Francisco esclarece que na “Novo Testamento, a palavra “cordeiro” é usada várias vezes e sempre em referência a Jesus; uma imagem surpreendente, na medida em que o cordeiro não se caracteriza pela força e robustez ao ponto de carregar sobre os seus ombros um fardo tão pesado… O cordeiro é símbolo de obediência, docilidade, e de amor indefeso, que vai até ao sacrifício de si. O cordeiro não é dominador, mas dócil; não é agressivo, mas pacífico; não mostra as garras ou os dentes diante de qualquer ataque, mas suporta e é obediente”. E papa conclui sua mensagem dizendo: “O que significa para a Igreja, para nós, hoje, ser discípulos de Jesus, o Cordeiro de Deus? Significa colocar no lugar da malícia a inocência, no lugar da força o amor, no lugar do orgulho a humildade, no lugar do prestígio o serviço. É um grande trabalho este, e nós cristãos devemos fazer isto. Ser discípulos do Cordeiro significa não viver como uma “cidadela sitiada”, mas como uma cidade colocada sobre um monte, aberta, acolhedora e solidária. Significa não assumir atitudes de fechamento, mas propor o Evangelho a todos, testemunhar com a nossa vida que seguir a Jesus nos faz mais livres e mais alegres”.

Há uma realidade crescente no coração das pessoas, na família, no cotidiano da sociedade como busca de sentido para a vida. O coração humano está esvaziado e se preenchendo com coisas. E Jesus vai ficando para segundo plano. Há os que dizem: “Mas o que ganho com a participação da missão na comunidade? O que ganho com a fé em Jesus, em ser católico praticante? Vejam o verbo que as pessoas pronunciam: O que “ganho”. O seguimento de Jesus Cristo e a vivencia da fé não está na linha do ganho material, do acumular riquezas, da mera paz interior ou do bem estar, mas sim, no sentido da vida, na busca da paz, esperança e vida para todos. A missão de João Batista havia se cumpriu, pois ele preparou os corações para a chegada de Jesus. Agora Ele pode proclamar e dar testemunho do que viu, sentiu, experimentou e por isso apontar para Jesus e dizer: “É ELE! Eis o FILHO DE DEUS”.

Rezar com a Igreja: Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai
com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Fi­lho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

 Dom Juventino Kestering

 Bispo da diocese de Rondonópolis-Guiratinga