Nas águas do Rio Jordão

Estamos ainda no clima de natal. Paramentos brancos, cor da alegria, da vida. Celebramos hoje o dia do Batismo de Jesus. Esse é o mandato de Jesus “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 19-20).

Conforme o Catecismo da Igreja Católica:O santo Baptismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito (porta da vida espiritual) e a porta que dá acesso aos outros sacramentos. Pelo Baptismo somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão. O Baptismo pode definir-se como o sacramento da regeneração pela água e pela Palavra”. Chama-se Batismo, por causa do rito central com que se realiza: batizar significa “mergulhar”, “imergir”. A imersão na água simboliza a sepultura do catecúmeno na morte de Cristo, de onde sai pela ressurreição com Ele como «nova criatura” (2 Cor 5, 17; Gl 6, 15). Este sacramento é também chamado «banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo» (Tt 3, 5), porque significa e realiza aquele nascimento da água e do Espírito, sem o qual «ninguém pode entrar no Reino de Deus» (Jo 3, 5). “Este banho é chamado iluminação, porque aqueles que recebem este ensinamento [catequético] ficam com o espírito iluminado…”.  Tendo recebido no Baptismo o Verbo, «luz verdadeira que ilumina todo o homem» (Jo 1, 9), o batizado, depois de ter sido iluminado, tornou-se filho da luz  e ele próprio luz (Ef 5, 8): “O Baptismo é o mais belo e magnífico dos dons de Deus. Chamamos-lhe dom, graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e tudo o que há de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que não trazem nada: graça, porque é dado mesmo aos culpados: baptismo, porque o pecado é sepultado nas águas; unção, porque é sagrado e régio (como aqueles que são ungidos); iluminação, porque é luz irradiante; veste, porque cobre a nossa vergonha; banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é sinal do senhorio de Deus” (CIC 1213-1216)

 A Palavra de Deus (Mt 3,13-17) nos remete para João Batista. Ele estava às margens do rio Jordão. Aí pregava a conversão e o batismo. João Batista tinha a certeza de que ele não era o Messias esperado. Ele mesmo dizia: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar os cadarços de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”. E no meio da multidão que rodeava João Batista estava Jesus. Ele se aproximou de João Batista e pediu para ser batizado. João inicialmente recusou, mas depois aceitou. Logo que Jesus foi batizado uma voz do céu dizia: “Tu és meu filho amado, em ti ponho o meu bem querer”. É a manifestação, Epifania de Jesus como Messias de Israel e Filho de Deus.

A vida pública de Jesus tem início com o Batismo por João no rio Jordão. João Batista proclamava “um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados” (Lc 3,3). Uma multidão de pecadores, publicanos e soldados, fariseus e saduceus vem fazer-se batizar por ele. Jesus aparece, o Batista hesita, mas Jesus insiste. E Ele recebe o Batismo.

O Batismo purifica de todos os pecados, mas também faz do neófito “uma criatura nova”, um filho adotivo de Deus que se tornou “participante da natureza divina”, membro de Cristo e co-herdeiro com ele, templo do Espírito Santo. A Santíssima Trindade dá ao batizado a graça santificante, a graça da justificação, a qual o torna capaz de crer em Deus, de esperar nele e de amá-lo por meio das virtudes da fé, esperança e caridade; concede-lhe o poder de viver e agir sob a moção do Espírito Santo por seus dons; permite-lhe crescer no bem pelas virtudes morais. Assim, todo o organismo da vida sobrenatural do cristão tem sua raiz no santo Batismo.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica (1271) “O Batismo constitui o fundamento da comunhão entre todos os cristãos, também com os que ainda não estão em comunhão plena com a Igreja católica: “Com efeito, aqueles que creem em Cristo e foram validamente batizados acham-se em comunhão, com a Igreja católica”.  “Justificados pela fé no Batismo, são incorporados a Cristo e, por isso, com razão, são honrados com o nome de cristãos e merecidamente reconhecidos pelos filhos da Igreja católica como irmãos no Senhor”. “O Batismo, pois, constitui o vínculo sacramental da unidade que liga todos os que foram regenerados por ele. “Todas as vezes que rezamos a nossa profissão de fé, afirmamos: Creio na comunhão dos santos, na remissão da carne e na vida eterna”. Esta graça nos é concedida pelo batismo. Neste sentido nos Atos dos Apóstolos (At 10,34-38). Pedro afirma: “De fato, estou compreendendo que Deus não 0quer distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça qualquer que seja a nação a que pertença”. Assim o batismo cria em nós uma universalidade, ou seja “formamos a comunhão dos santos e nos tornamos irmãos uns dos outros independente de raça, de cor e de cultura”.

Sendo assim o profeta Isaias nos anima com as palavras (Is 42,1-7). “Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro da aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas”.

Através do batismo fomos chamados por Jesus Cristo, formados para o crescimento da fé e enviados para a missão. Em que dia você foi batizado? Quem foi o padre que celebrou o sacramento? Em que lugar e o nome da Igreja? O que é para você o batismo? Qual a importância do batismo para os dias de hoje? Como você se sente como batizado?

Rezemos com a Igreja: Deus eterno e todo-poderoso, que, sendo o Cristo batizado no Jordão, e pairando sobre ele o Es­pírito Santo, o declarastes solene­ mente vosso Filho, concedei aos vossos filhos adotivos, renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente em vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Fi­lho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo diocesano