Natal de Jesus

A graça de Deus se manifestou, trazendo a salvação para a humanidade, escreve São Paulo a Tito. Essa graça de Deus ensina a abandonar a impiedade e todas as forças do mal, de exploração, de ganância e viver neste mundo com equilíbrio, justiça e caridade. O menino no presépio é a manifestação da graça salvadora de Deus (Cf Tt 2,11-14). Por isso “alegremo-nos no Senhor: nasceu-nos o Salvador do mundo e do céu desceu a verdadeira paz” (Sl 2,7). Na fragilidade de uma criança a humanidade contempla a revelação de Deus que entra na história. O que era palavra, agora se fez gente e nasce no meio de nós. Assume a condição humana. A noite se iluminou. O mundo já não precisa caminhar na escuridão, pois Jesus, a Luz brilha no meio das trevas. “A noite nos arredores de Belém é iluminada pelo clarão do anjo do Senhor. A vida escura se ilumina. A luz de Deus brilha no meio de nós. É Natal”.

O Evangelho (Lc 2,11-14) relata os fatos acontecidos em Belém, numa gruta onde nasceu o Menino Deus. “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Jesus. Isto vos servirá de sinal: encontrarei um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura”. Deus se encarna. Torna-se humano, assume a nossa condição e nos salva.

Cantam os anjos nos arredores da fruta de Belém: “Glória a Deus nas alturas e paz a toda humanidade. Eis que vos anuncio uma grande notícia que será alegria para todo povo: Hoje, em Belém nasceu o Salvador, o Cristo Senhor” (Cf Lc 2,10). O nascimento de Jesus é fonte de alegria. Não deixa ninguém constrangido e temeroso. Dele todos podem se aproximar, tocar e comtemplar. Nos palácios e mansões, pastores, humildes e pobres não podem entrar, mas na gruta de Belém, onde nasceu o salvador, todos tiveram acesso e acolhimento.

Nas comunidades e na vida dos cristãos cresce a prática da solidariedade, da partilha, da construção de novos parâmetros para a sociedade. Há busca por ética na sociedade, na política, na administração dos bens públicos e no modo de vida. Estes pequenos-grandes gestos revelam que a mensagem de Natal adentra no coração humano e se transforma em atitudes de vida.

As lições do nascimento de Jesus são balizas para os dias atuais. Dois mil e quatorze já se passaram e a humanidade ainda teima em trilhar pelo caminho da violência, da exclusão, da divisão entre classes, raças e culturas. O ideal do Natal não faz parte de muitos projetos que conduzem os passos da história. Como consequência, a guerra, a fome, as injustiças e a falta de condições de vida digna. Ao lado dos lautos banquetes permanece a mesa vazia de milhões de pessoas.

No tempo de Natal, sentimentos afloram no coração: o sonho de um mundo de paz, de harmonia, de pão nas mesas e de sorrisos. Cresce no coração a experiência do abraço de acolhida, de perdão, do encontro com as pessoas e da partilha de alimento. Mesmo que essas posturas de vida sejam mais evidentes neste tempo, É sinal que precisa ser divulgado e transformado em prática permanente. O natal lembra o espírito de família. Daí as longas viagens para rever familiares, encontrar-se com parentes que faz anos que não se veem e o abraço entre pessoas que se fecharam para a amizade e o perdão. Esses sinais da lição de natal abrem luzes para o caminho da humanidade. “Vale a pena viajar mil quilômetros só para dar e receber um abraço”, canta o poeta.

Desejo a todos os leitores, aos padres, religiosas e religiosos, as lideranças cristãs, católicos e evangélicos, pais e mães de família, as autoridades dos treze municípios que integram a Diocese-Guiratinga; dos doentes e sofredores, povos indígenas, presos, tristes, peregrinos e moradores de rua… Natal abençoado com abraço fraterno. Que no coração de cada pessoa brilhe a luz de Jesus que resplandece a cada dia na humanidade.

 

Dom Juventino Kestering

 Bispo de Rondonópolis-Guiratinga