Batismo na aldeia córrego grande

O Papa Francisco convoca os cristãos católicos para uma “Igreja em saída”, que não tem medo do novo, para encontrar caminhos novos. Ele nos disse “não podemos deixar as coisas como estão”. A Igreja tem de ir para frente, e não pode ficar parada na história, não podemos ficar onde estamos. Sair para ir ao encontro, acolhendo e integrando as diferenças, no respeito e acolhida dos povos indígenas” com esta motivação Dom Juventino Kestering se deslocou para a aldeia Córrego Grande, 104 km, pantanal adentro para ir ao encontro do povo indígenas Bororo. E na manhã do dia 23 de novembro de 2019 presidiu a celebração da Eucaristia com o rito do batismo. Os pais, padrinhos e comunidade foram durante meses preparados pela missionária Silvia Maria Pinheiro que reside na aldeia. Na preparação encorajou especialmente os pais e avós sobre o significado do batismo, os compromissos e o que o batismo representa para a vida indígena Bororo.

Os ritos tiveram início com a procissão de entrada dos pais, das crianças a serem batizadas e dos padrinhos. Esse é um rito: entrar no Baito, espaço sagrado, para um momento celebrativo. Dom Juventino fez a acolhida e externou a alegria de estar no meio da comunidade indígena.

Na liturgia da Palavra, duas meninas, ritualmente vestidas com pinturas conformem o clã trouxeram o livro da Palavra de Deus com cânticos de alegria. Terminada a celebração da eucaristia deu-se inicio o rito do batismo com a chamada pelo nome de todas as crianças. Essa era erguida e com e acolhida pela comunidade. Pais padrinhos e comunidades fizeram as promessas do batismo, a profissão de fé e o compromisso de educarem as crianças na fé e na cultura Bororo.

Após o rito da unção, da entrega da luz, toda comunidade se dirigiu ao rio sagrado: Córrego Grande. Bispo, pais e padrinhos dentro das águas do rio participaram do rito do banho batismal. E todos os participantes aplaudiam com expressão de alegria cada criança batizada. Num processo de inculturação e aproximação dos ritos e símbolos próprios do Povo Bororo, como sugere o Sínodo sobre a Amazônia, foi realizado o batismo de 13 crianças, num clima de muita emoção e fé.

Após o batismo, como faz parte da cultura, há a partilha. A diocese ofereceu laranja e banana para a comunidade indígena. A comunidade por sua vez ofereceu um risoto e assim todos partilharam com a refeição como sinal de festa e de alegria.

A extensão que abrange a atual Diocese de Rondonópolis-Guiratinga era habitada pelo povo Boe-Bororo. Um povo migrante e coletor. Com a ocupação destas terras por migrantes vindos do Centro Leste e da região do sul, os povos indígenas foram reduzidos em três reservas relativamente pequenas. Assim hoje o povo Bororo tem a reserva Tadarimana, Tereza Cristina com as aldeias Córrego Grande e Piebaga e a reserva de Perigara. Nela habitam hoje em torno de 1.300 indígenas, com uma população bastante jovem e com muitas crianças.

A diocese de Rondonópolis-Guiratinga tem sua presença nas aldeias desde a década de cinquenta do século passado com as irmãs Catequistas Franciscanas na educação, saúde e testemunho do evangelho. Atualmente a presença da Igreja Católica se faz na aldeia Tadarimana através da Paróquia São José do Povo; em Córrego Grande com a missionária Silvia Maria Valentim e em Piebaga com a Irmã Valdina. Em Perigara a presença é com a equipe itinerante que marca presença duas vezes por ano, dependendo das águas no Pantanal. Mestre Maria com presença em todas as aldeias com colaboração em assuntos institucionais.

Estar na aldeia é voltar às raízes e perceber o quanto é importante a presença da Igreja na valorização da cultura, das expressões religiosas e defesa da vida”. Para o povo Borro foi um dia de muita alegria, com festa, esporte, música, pois conforme uma liderança da aldeia “assim nossos filhos estão batizados, protegidos por Deus para serem bons Bororos e crescerem com saúde”.

 

Pastoral da Comunicação (Pascom)

Diocese de Rondonópolis-Guiratinga