Um coração semelhante ao de Jesus

SANTA DULCE DOS POBRES

No dia 26 de Maio de 1914 na cidade de Salvador (BA), nasceu Maria Rita de Souza Brito Lopez Pontes, filha primogênita de Dr. Augusto Lopes Pontes e Dulce de Souza Brito Lopes Pontes. Veio ficar órfã de mãe aos sete anos de idade, junto de seus irmãos ficaram aos cuidados do pai que esteve presente e das tias. O pai casou-se novamente e lhe deu duas irmãs “Teresinha e Ana Maria”.

Maria Rita teve uma infância feliz e saudável se divertia soltando pipa, jogando futebol e tomava banho de mar. Na adolescência passou pelo processo de descoberta vocacional “o chamado de Deus”, o sentiu a partir do seu contato com pessoas fragilizadas. Transformava a casa onde vivia com a família em um centro de atendimento para os necessitados, “olhando a dor do irmão, e lembrando-se do pedido de Jesus, para amar-vos uns aos outros e para sermos misericordiosos uns para com os outros” o coração de Irmã Dulce se tornou semelhante ao de Jesus Cristo, uma jovem com o coração repleto de amor e bondade e voltado para Deus, assim entregou-se inteiramente ao Senhor.

Seu pai orientou que terminasse aos estudos antes de ingressar ao convento. Em 1933, Maria Rita conquistou o diploma de professora, e como desejava ingressou ao convento “Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus”, que ficava localizado na Cidade de São Cristóvão, a antiga capital do Estado de Sergipe.  Consagrou-se aos votos religiosos no dia de Nossa Senhora de Assunção 15 de Agosto de 1934 e recebeu o nome em homenagem a mãe “Irmã Dulce”.  Retornou à Bahia e trabalhou inicialmente como porteira e sacristã. Em, em seguida a Madre Superiora a designa para fazer um curso de enfermagem para exercer a função e se responsabilizar pelo setor de radiologia do Hospital Espanhol. Trabalhou também como professora no Colégio Santa Bernadete, mas o seu carisma estava sempre voltado ao acolhimento das pessoas fragilizadas, assim deixou a escola e foi trabalhar em comunidades carentes.

Em 1937 junto do religioso Frei Hildebrando Kruthaup, fundaram uma Obra Circulo Operário da Bahia (COB), uma obra social que oferecia assistência médica, cursos profissionalizantes, lazer e educação para os trabalhadores das fábricas e suas famílias. (PAULINNAS. O anjo bom da Bahia. Rev. Família Cristã. SÃO PAULO. 2019. V 1003).”

Em maio de 1939, inaugurou o Colégio Santo Antônio, uma escola pública voltada para operários e seus filhos, no bairro de Massaranduba, em Salvador. Após muito labor, levando os seus enfermos para diversos lugares, até para casas abandonadas de onde foram expulsos por invasão domiciliar, irmã Dulce ocupou um galinheiro que ficava ao lado do Colégio Santo Antônio, onde veio mais tarde transformá-lo em um Hospital, sendo lembrada atualmente pelo povo baiano “a freira que construiu um hospital através de um galinheiro”  No ano de 1959 fundou também a Obra nomeada de Associação Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) está atua na área da saúde, educação, assistência social.

Em 7 de julho de 1980, Irmã Dulce se encontrou pela primeira vez com o Papa João Paulo II, na sua visita ao país, e foi encorajada pelo Pontífice a dar continuidade a sua obra. Oito anos depois, ela chegou a ser indicada pelo então Presidente da República, José Sarney, para o Prêmio Nobel da Paz. Irmã Dulce ainda se reencontraria com o Papa João Paulo II, em 20 de outubro de 1991, durante sua segunda visita ao país. Na época, o religioso quebrou o rigor da sua agenda para visitar a baiana, que já se encontrava debilitada em razão de problemas respiratórios, falecendo cinco meses após o encontro.

Deus acolheu em sua morada o “anjo bom da Bahia” vivendo uma vida toda de amor e caridade, Irmã Dulce, a primeira mulher nascida no Brasil se tornará Santa, será canonizada no dia 13 de outubro de 2019, em uma celebração presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano, em Roma com a presença de nosso bispo Dom Juventino Kestering.

 Mas o que vem ser uma canonização? “Canonização pode-se dizer que é o termo utilizado pela Igreja Católica e que diz respeito ao ato de atribuir o estatuto de Santo a alguém que já era Beato e sujeito à beatificação. É um assunto sério e um processo complexo dentro da Igreja, a ponto de só pode ser tratada pela Santa Sé em si, por uma comissão de altos membros e com a aprovação final do Papa. Canonização é a confirmação final da Santa Sé para que um Beato seja declarado Santo. Só o Papa tem a autoridade de conceder o estatuto de Santo.”

O Arcebispo de Salvador- BA, Dom Murilo Krieger detalhou que a beata levará o nome santo de Santa Dulce dos Pobres e seu dia será celebrado sempre no dia 13 de agosto, a partir de 2020. O vaticano anunciou a canonização de Irmã Dulce em Maio do ano de 2019, após um milagre alcançado, um fiel que já tinha quatorze anos de total deficiência visual, pediu a interseção de Irmã Dulce e a graça foi alcançada.  O milagre intrigou os médicos, pois, mesmo após voltar a enxergar, os exames de vista do homem apontam lesões que deveriam impedir que ele voltasse a ver. “Também foram alcançadas outras Graças concedidas pela intercessão de Irmã Dulce, consta no relatório, mais de 10 mil outros relatos feitos por fiéis do mundo inteiro que são armazenados pelas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), em Salvador. Há depoimentos de cura de câncer, superação de vício em drogas, conquista de emprego, solução de dívidas e problemas familiares, sobrevivência a acidentes graves.” (Maiana Belo, G1 BA 01/07/2019).

Irma Dulce é uma prova real de que é possível viver uma vida em Santidade na Comunhão com Deus, seguindo os ensinamentos de vosso filho Senhor Jesus Cristo “Sede Santo como vosso Pai celeste é Santo”. (Mt 5; 48). Este é um convite de Jesus para que vivemos uma vida de amor e obediência no Pai. SANTA DULCE DOS POBRES, ROGAI POR NÓS!

 

Eliene Paulina