3° ENCONTRO BOE: “Pao Bataru Pemegareu Tabouge”

POVO BOE

 No dia 25, chegada a 27 de setembro de 2019, no Centro de Pastoral da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga, mais de 25 lideranças participam do 3° Encontro do Povo Indígena Bororo advindo das aldeias de Tadarimana (aldeias Pobore, Jurigue, Pobojari, Divisa); de Tereza Cristina (aldeias Córrego Grande, Piebaga, Galdino Pimentel, Arareao), de Perigara, Meruri e Jarudori.

O encontro teve inicio com o canto de acolhido na língua Bororo cantado pelo Chefe dos Rituais Joaquim Burudui. Momento profundo e ritual foi a apresentação por aldeia: Com uma vela acesa segurada por todos respeitantes da Terras Indígenas: cada um apresentava seu nome e o que espera do encontro. Muitas revelações e sonhos. Em seguida Mestre Mário encaminhou os horários e a proposta de pauta. Num primeiro momento o chefe dos rituais falou longamente em língua Bororo sobre o significado da nominação (batismo) Bororo. Os participantes comentaram uns na língua Bororo e outros na língua portuguesa. Entre as propostas sobressaem a importância da cultura, dos ritos, da iniciação, da participação da mãe e dos parentes, as comidas rituais, os símbolos, a cantoria durante toda noite e o batismo na amanhecer. Depois de uma longa narrativa sobre os ritos, celebrações e nominação, dom Juventino, Pe. Lauri, Padre Arthur, Pe. Erivelton, Mestre Mário, Irmã Valdina e Sílvia Valemtim apresentaram o sentido do sacramento do batismo na Igreja Católica, com os símbolos e ritos (água, luz, óleo, veste branca) e o que significa a presença do padrinho, sua escolha e acompanhamento durante a vida. Em resumo foi dito: Na escolha ou na preparação dos padrinhos levar em conta:

  • Padrinhos que dão um testemunho de Cristão
  • De preferencia serem escolhidos na comunidade
  • Escolhido/a para ajudar: Na preparação (antes do batismo)… Depois do batismo (acompanhar o afilhado)
  • Zelar na perseverança e na fé
  • Ajudar os pais na educação da fé dos filhos e filhas
  • Acompanhar no processo de sua vida de batizado.
  • Participar da celebração (missa, terço, mas também de rituais da cultura Bororo)
  • Testemunhar a fé
  • Sentir que pertence à Igreja Católica, por isso aceita o que ensina a Igreja Católica,
  • Cultivar uma boa amizade com o afilhado e com sua família
  • Participar da celebração dos Sacramentos
  • Ensinar: em particular, mas também na comunidade com boas palavras, bons conselhos,
  • Auxiliar nas dúvidas e inquietações dos afilhados
  • Na falta dos pais, padrinhos assumem seus afilhados.

Na tarde do dia 26 os participantes se organizaram em grupos refletindo questões referentes aos padrinhos, sua missão na comunidade. No final da tarde, já em plenária os participantes partilharam as alegrias, sugestões e também seus desafios culturais, religiosos, de sobrevivência, educacional, saúde e religiosidade. Solicitaram mais presença nas aldeias, melhor preparação dos agentes de pastoral Bororo, levantaram a questão do nome de nascimento e nome bororo, os ritos de nominação. Também chamaram atenção de que a Natureza está cansada pois o desmatamento, a poluição das águas, os agrotóxicos, as derrubadas, as queimadas destroem as florestas, matam os bichos e estragam a saúde. A noite os participantes assistiram alguns vídeos sobre a realidade indígena nos diversos povos. Dessecando.

Na manhã do dia 27 o dia iniciou com oração conduzida pela anciã Pedrosa, da aldeia Meruri. Na ocasião o chefe dos rituais o ancião Joaquim Burudui, em língua Bororo, apresenta a importância do mito Bakaru. (a lei do Bororo). Convém ressaltar que na cultura Bororo não tem livros, nem gramática, nem livros sagrados, mas a lei, os mitos e ritos estão gravados no coração e é dever dos anciãos (pais, avós) ensinar às novas gerações e que deve ser respeitado.

Em continuidade os participantes se organizaram em grupos/conversa para partilhar o que aprenderam sobre o “Mito Aroecuba”. Afirmaram que ensina a confiar, a defender de todo mal, ter inteligência, força. Ensina fazer o bem e acreditar em Bororo. Ensina a pensar e nunca perder a Esperança. Ainda disseram que isso precisa ser transmitido às novas gerações, é fonte de espiritualidade e ajuda a conhecer a história do povo Bororo.

Também foi escolhido a o tema para o próximo encontro no ano de 2020, “Bororo-o cuidado com a família” e marcaram na data de 2 a 5 de setembro, durante a Semana Social, com o objetivo marcar presença no evento. Como avaliação todos elogiaram o encontro, a acolhida, o aprendizado e expressaram a alegria de retorna para suas aldeias com novo entusiasmos.

Pela Diocese participaram dom Juventino Kestering, Padre Lauri, Padre Arthur, Padre Erivelton e os missionários/as, Mestre Mário, Silvia Maria Vatentim e Ir. Valdina.

 

Pascom – Pastoral da Comunicação

  Diocese de Rondonópolis – Guiratinga