Ele subiu aos céus

Ascensão do Senhor  

Celebramos neste domingo (02/06) o dia da Ascensão do Senhor. Celebração solene, alegre. Ambiente litúrgico com cor branca.

Quarenta dias após a Páscoa celebramos a Solenidade da Ascensão de Jesus. A Igreja convida-nos a ter os olhos postos no Céu, a Pátria definitiva a que o Senhor nos chama, mas ao mesmo tempo olhar para baixo e entender que neste mundo, nesta realidade somos anunciadores das Boas Notícias de Jesus. A vida terrena de Jesus culmina na Ascensão, Jesus passa desse mundo ao Pai e é elevado à sua direita.

Jesus ressuscitado foi elevado ao céu na presença de onze de seus apóstolos, quarenta dias depois da ressurreição. O Evangelho relata com poucas palavras a ascensão de Jesus em Lucas 24,46-53 e Marcos 16,19. Mas a descrição mais detalhada da ascensão de Jesus está em Atos 1,4-11.

A catequese de Lucas em Atos dos apóstolos nos inspira sobre o significado do dia de hoje: “… Recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minha testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria, e até os confins da terra”. Depois de dizer isto, Jesus foi levado ao céu, à vista deles. Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não mais podiam vê-lo. Os apóstolos continuaram olhando para o céu, enquanto Jesus subia. Apareceram então dois homens vesti os de branco, que lhes disseram “Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”. (At 1,4-11). E o Evangelho de marcos completa:

“Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu: Por isso permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto”. Então Jesus levou-os para fora, até perto de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou- se deles e foi levado para o céu. Eles o adoraram. Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria. E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus. (Mc 24,48-52).

A ascensão é professada no Credo da Igreja Católica que reza: “Subiu aos céus; está sentado à direita de Deus-Pai todo poderoso”. O Livro dos Atos dos Apóstolos narra a ascensão e a missão dos apóstolos. Jesus deu as últimas instruções aos discípulos: a promessa do Espírito e a missão de evangelizar. E pediu que os discípulos que não devem ficar olhando somente o céu, mas sim levar a mensagem de Jesus ao mundo inteiro, “até os confins da terra” (At 1,8), e para isso receberá a força do Espírito. É o desabrochar da Igreja viva, anunciadora do Evangelho. Formadora de comunidades.  É missão permanente: Ser Igreja missionária, ir até os confins da terra, isto é: ir ao encontro das pessoas, nas suas necessidades e anunciar o Evangelho da vida.

O Papa Francisco insiste na “Igreja em saída”. Partir em missão. Ir às periferias existenciais e sociais e anunciar o evangelho. Fazer o nome de Jesus ser conhecido, amado e vivido. “A atividade aqui na terra, Jesus a deixa para nós: ‘Sede as minhas testemunhas… até os confins da terra’, e nós é que devemos reinventá-la a cada momento”. As palavras finais de Jesus significam a universalidade da salvação, da missão dos apóstolos e da expansão da Igreja. Todos os povos serão discípulos de Cristo, assinalados pelo batismo. São quatro pedidos de Jesus em suas últimas palavras:

“Ide e fazei discípulos de todos os povos” através do anúncio do evangelho, convidando à conversão, ao seguimento de Jesus, formando comunidades e desenvolvendo a vida da Igreja.

– “Batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, pela força do Espírito Santo anunciar a salvação e introduzir sacramentalmente na Igreja, comunidade dos seguidores de Jesus.

– “Ensinando-os a guardar tudo o que vos mandei” através da fidelidade ao Evangelho, vida na caridade, justiça, respeito à dignidade da pessoa humana e patilha.

– “E eis que estarei convosco até os fins dos tempos” na certeza de que a nossa missão, a força da fé, a caridade exercida em favor dos irmãos, os serviços que prestamos na comunidade não são ilusórios, mas presença do Senhor ressuscitado que está presente em cada momento da vida e na história.

O Papa ensina: “Contemplamos o mistério de Jesus que sai do nosso espaço terreno para entrar na plenitude da glória de Deus, levando consigo a nossa humanidade. Neste céu habita Deus que se revelou próximo e assumiu o rosto de um homem, Jesus de Nazaré. Ele permanecerá para sempre, “Deus conosco” permanecerá para sempre e “nunca nos deixará sós”. Na ascensão de Jesus, o ressuscitado é a promessa da nossa participação na plenitude da vida ante Deus. Regressam à cidade como testemunhas que com alegria anunciam a todos a vida nova que vem do Ressuscitado. São testemunhas que “pregam a todos os povos a conversão e o perdão dos pecados”.

Na carta aos Efésios (1,17-23), Jesus Cristo, revela-se como a força de Deus. O Apóstolo Paulo o faz através de um hino de louvor, revelando o Plano da Salvação e uma súplica pelos fiéis. “Deus ressuscitou Jesus e o fez cabeça da Igreja e do universo. A Igreja é seu “corpo”, ela o torna presente no mundo, ela é a presença atuante de Cristo no mundo. Celebrando a glorificação do Cristo, tomamos consciência de nossa própria vocação à glória”.

A celebração da ascensão de Jesus aponta para a dupla missão: Viemos do alto, do desígnio de Deus, passamos um tempo nesta realidade de vida, neste mundo onde somos filhos/as de Deus e cuidadores do universo. Mas a vida tem uma finalidade: Não perder de vista o olhar para o alto, para a esperança, a eternidade, o céu.

Rezemos com a Igreja: Ó Deus todo-poderoso, a ascensão do vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de seu corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes bênçãos sobre cada um de nós. Confortai com vossa bondade os que trabalham em favor da vida ajudando os sofredores e abandonados a reencontrarem a dignidade e o gosto de viver. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo da diocese de Rondonópolis-Guiratinga.