V Domingo de Páscoa

O AMOR ABRE OS OLHOS

 

Estamos no V domingo do tempo da Páscoa. O espaço celebrativo e a cor litúrgica continuam brancos. Sinal de vida e de alegria da presença de Jesus ressuscitado no meio de nós. As leituras nos preparam para a ascensão de Jesus e o dia de Pentecostes.

A Palavra de Deus (Jo 13,31-35) aponta para o que há de mais sagrado no ser humano: O amor. “Filhinhos: vou ficar com vocês só mais um pouco. Vocês vão me procurar, e eu digo agora a vocês o que eu já disse aos judeus: para onde eu vou, vocês não podem ir. Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos”.

Os seguidores de Jesus Cristo experimentam no cotidiano de sua vida o amor a Deus, a família e aos irmãos. O papa Francisco ensina que o amor é alegria, é vida. O evangelho questiona o modo como a sociedade por vezes vive e compreende o amor. Por vezes persiste a competição, a ganância, a vingança, o ódio, a corrupção, a concorrência, a guerra, a violência, as injustiças, as desigualdades. Essas realidades permeiam a sociedade. É aí que entra o Evangelho como um fermento que vai modificando o modo de ser e de viver das pessoas. Jesus colocou a palavra “amor” como núcleo central de um novo modo de viver. O novo mandamento é a capacidade de despir as roupagens da hipocrisia, da intolerância, da corrupção, da indiferença para a experiência da misericórdia e do amor.

O amor é uma energia que perpassa o ser humano. É capaz de modificar os rumos da vida. Isso Jesus pediu aos seus seguidores. “Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos”. Através do batismo tornamo-nos discípulos/as de Jesus Cristo. Daí a importância de viver o amor com dignidade nas suas relações pessoais, na convivência com as pessoas e na harmonia da sociedade. A misericórdia e o amor de Deus são capazes de indicar aos que vivem no pecado, no ódio, nos caminhos errados que a esperança, a vontade de superação e o desejo de uma vida nova são sempre caminhos abertos, oportunidades novas e retorno para ao aconchego do Pai da Misericórdia.

Foi a vivencia do amor a Deus e aos irmãos, a fonte do testemunho e das conversões nas primeiras comunidades cristãs, “Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para desfazer do homem enquanto ser humano” afirma o papa emérito Bento XVI. O amor não é uma questão de opção, mas faz parte do âmago da vida como essência do Evangelho.

O livro dos Atos dos Apóstolos (14,21-27) abre o caminho para momentos significativos para a vida da comunidade. “Os apóstolos designaram presbíteros para a comunidade. Com orações e jejuns, eles os confiavam ao Senhor, em quem haviam acreditado”. A comunidade torna-se espaço da experiência cristã, lugar onde as pessoas encontram apoio, presença, amparo e fraternidade. “Chegando ali, reuniram a comunidade”. Reunir-se em comunidade! Em meio à cultura da dispersão, onde as pessoas não têm mais tempo para sua família, para um trabalho voluntário é fundamental a pertença a uma comunidade. É na comunidade que nos sentimos fortalecidos. “Contaram tudo que Deus fizera por meio deles e como havia aberto a porta da fé para os pagãos”. Nossa missão como é abrir portas da misericórdia, da acolhida, do encontro de um novo caminho. Fechar as portas para o pecado, para a injustiça, para a ganância, o ódio e abrir portas para o diálogo, tolerância, aceitação do outro. Quantos de nós hoje temos a vida mais harmoniosa porque alguém nos ajudou a “abrir portas”, viver de outro jeito, ver um novo horizonte e encontrar um novo rumo para a vida. Papa Francisco ensina que “o amor abre os olhos e permite ver melhor. Além de tudo, quanto vale um ser humano” (AL 128). E continua: “O amor se realiza na vida cotidiana, nos comportamentos, nas ações; caso contrário é apenas algo ilusório. São palavras, palavras, palavras: isso não é amor. O amor é concreto todos os dias”. O Evangelho convida os fiéis a permanecerem no amor de Jesus. Permanecei no meu amor”. Para viver no amor de Deus, o Papa sinaliza “a necessidade de estabelecer morada neste sentimento. É a condição para que o nosso amor não perca pelas ruas o seu ardor e a audácia”. O Papa prossegue “aconselhando os cristãos, e suscitando a necessidade do acolhimento com gratidão do amor que vem do Pai”… permanecer no amor de Deus, não separando-se Dele com o egoísmo e o pecado”.

Rezemos com a Igreja: Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e como fi­lhos e filhas, concedei aos que creem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Diocese de Rondonópolis-Guiratinga