INICIAR UM CAMINHO

 

Quaresma. “Eis o tempo de conversão. Buscai o Senhor Deus”. Estamos no 1º domingo da quaresma, tempo de fraternidade e reconciliação com Deus e com os irmãos. A quaresma lembra os quarenta anos do Povo de Deus no deserto e nos convida a reviver os quarenta dias que Jesus passou no deserto, preparando-se para a missão. Quaresma é um tempo de conversão e renovação em preparação à Páscoa. Tempo de abrir o coração e voltar a Deus, aos irmãos, à comunidade, à família, tempo para retomar o caminho e de se abrir à graça de Deus nos ama, acolhe e perdoa. “A quaresma lembra os quarenta anos do Povo de Deus no deserto e convida a reviver os quarenta dias que Jesus passou no deserto, preparando-se para a missão de anunciar a Boa Nova da salvação”.

A Campanha da Fraternidade ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, o jejum e a esmola. Neste ano, o tema da Campanha é Fraternidade e Políticas Públicas” e o lema “Serás libertado pelo direito e pela Justiça” (Is 1,27).

Caminhos que ajudam a viver de maneira mais intensa este tempo. O sentido da conversão, o ano Vocacional, o Sínodo sobre a Evangelização na Amazônia e a Campanha da Fraternidade são momentos de vida, de celebrações que ajudam o cristão a viver com mais firmeza a fé, a justiça, a dignidade humana.

A Palavra de Deus (Lc 4,1-11) situa Jesus durante quarenta dias no deserto se preparando para a missão através de oração, silencio, escuta, jejum. E foi tentado pelo demônio. O demônio disse-lhe: “Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão”. Jesus respondeu-lhe: Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’. O demônio levou-O a um lugar alto e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra e disse-Lhe: “Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser. Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu”. Jesus respondeu-lhe: Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’. Então o demónio levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do Templo e disse-Lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que te guardem’; e ainda: ‘Na palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra’. Jesus respondeu-lhe: Está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’. O demônio atingiu o núcleo central das tentações: prazer, poder, posse, prestígio. Na vida moderna além das tentações vencidas por Jesus o ser humano pode colocar sua vida, sua esperança e sua segurança nas mãos dos falsos deuses como o apego ao dinheiro, o poder, o êxito social, a técnica, as ideologias ocupam com frequência o lugar de Deus. O orgulho e o egoísmo levam o homem a esquecer de Deus e oprimir os irmãos.

Somos convidados pelo Espírito Santo ao deserto da Quaresma para nos fortalecer nas tentações, no desanimo, na falta de fé, no abandono da comunidade e retornar o caminho de Deus. É preciso ir, mas sair do deserto. Somos salvos por Jesus Cristo. A graça de Deus está dentro de nós. Porem sente-se a tentação do poder, da última palavra, da ganância, de esquecimento dos pobres, dos povos indígenas, dos maltrapilhos. Por vezes o orgulho ocupa nossa vida. Abandona-se a comunidade, vem o desleixo com a família, cruza-se a linha dos valores e da ética. Deixar-se vencer pela tentação desfigura o homem e a mulher criados à imagem e semelhança de Deus. Nossa vida é fruto do sopro divino do Criador

A tentação leva a abandonar o projeto de Deus, o caminho de Jesus, a vida da comunidade eclesial para deixar-se envolver com quem tem suas bases na corrupção, no poder, na dominação e no egoísmo.

São Pulo aos Romanos (10,8-13) tem uma palavra certa: “A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração. Esta é a palavra da fé que nós pregamos. Se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor e se acreditares no teu coração que Deus O ressuscitou dos mortos, serás salvo. Pois com o coração se acredita para obter a justiça e com a boca se professa a fé para alcançar a salvação. A Escritura diz: “Todo aquele que acreditar no Senhor não será confundido”.

A 55ª Campanha da Fraternidade tem como objetivo geral “estimular a participação em políticas públicas, à luz da palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade.”. Desenvolve como objetivos específicos: “Conhecer como são formuladas e aplicadas as Políticas Públicas estabelecidas pelo Estado Brasileiro; Exigir ética na formulação e na concretização das Políticas Públicas; Despertar a consciência e incentivar a participação de todo cidadão na construção de Políticas Públicas em âmbito nacional, estadual e municipal; Propor Políticas Públicas que assegurem os direitos sociais aos mais frágeis e vulneráveis; Trabalhar para que as Políticas Públicas eficazes de governo se consolidem como políticas de Estado; Promover a formação política dos membros de nossa Igreja, especialmente dos jovens, em vista do exercício da cidadania; Suscitar cristãos católicos comprometidos na política como testemunho concreto da fé”.

Rezemos com a Igreja: “Pai misericordioso e compassivo, que governais o mundo com justiça e amor, dai-nos um coração sábio para reconhecer a presença do vosso Reino entre nós. Em sua grande misericórdia, Jesus, o Filho amado, habitando entre nós testemunhou o vosso infinito amor e anunciou o Evangelho da fraternidade e da paz. Seu exemplo nos ensine a acolher os pobres e marginalizados, nossos irmãos e irmãs com políticas públicas justas, e sejamos construtores de uma sociedade humana e solidária. O divino Espírito acenda em nossa Igreja a caridade sincera e o amor fraterno; a honestidade e o direito resplandeçam em nossa sociedade e sejamos verdadeiros cidadãos do “novo céu e da nova terra” Amém!

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

Dom Juventino Kestering
Bispo diocesano