CHAMADO PARA A MISSÃO

Estamos no 4ª domingo do tempo comum. A cor do espaço celebrativo é verde. Sinal de vida e de esperança. Domingo é dia da comunidade se reunir para ouvir a palavra de Deus, celebrar a eucaristia, encontrar-se com as pessoas, fortalecer-se na fé e na caridade.

A Palavra de Deus nos faz compreender que somos humanos, criados por Deus, amados por Deus. Assim o profeta Jeremias (Jer 1,4-5) ensina: Foi-me dirigida nestes termos a palavra do Senhor: “Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações. E eu respondi: Ah! Senhor Deus, eu nem sei falar, pois que sou apenas uma criança. Replicou porém o Senhor: Não digas: Sou apenas uma criança: porquanto irás procurar todos aqueles aos quais te enviar, e a eles dirás o que eu te ordenar. Não deverás temê-los porque estarei contigo para livrar-te – oráculo do Senhor. E o Senhor, estendendo em seguida a sua mão, tocou-me na boca. E assim me falou: Eis que coloco minhas palavras nos teus lábios. Vê: dou-te hoje poder sobre as nações e sobre os reinos para arrancares e demolires, para arruinares e destruíres, para edificares e plantares”. O profeta nos aponta caminhos. “Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia”. Não somos fruto do acaso, nem uma formula química. Mas somos pensados, amados e formados por Deus.

O mistério da vida é maravilhoso, daí o cuidado pela vida, pelo universo nossa casa comum. Um segundo caminho apresenta uma resistência. Diante do chamado, da missão, do convite, vêm as desculpas e resistências.  “Eu nem sei falar, não consigo”. Quantas vezes diante de convites para a missão, para a evangelização, para a formação e participação de grupos de família, de círculos bíblicos… encontram-se mil desculpas: está cansado, tem dificuldade de ler, fica nervoso, tem muito compromisso em casa, é muito longe, é de noite… Sim as pessoas hoje estão muito ocupadas e atarefadas com a sobrevivência, Mas sempre há tempo para a missão, uma visita a um doente, um trabalho social, uma pastoral. Finalmente é Deus quem quebra as resistências e diz: “estendendo em seguida a sua mão, tocou-me na boca. E assim me falou: Eis que coloco minhas palavras nos teus lábios”. A missão é obra de Deus. Ele chama e envia. Nossa missão é ir, evangelizar, anunciar o evangelho. Destruir, arrancar, arruinar a injustiça, a fome, a exploração, a ganância, a corrupção, a descrença, o orgulho e “edificar e plantar” a justiça, a concórdia, a tolerância, a fé, o perdão, a sociedade fraterna, a convivência entre os povos, culturas, raças, comunidades e família.

São Paulo aos Coríntios (13,12-29) escreve um dos mais lindos poemas. Mensagem que toca o coração. O que importa em toda ação humana é a dimensão do amor. “O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado; limitada é também a nossa profecia. Mas, quando vier a perfeição, desaparecerá o que é limitado. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei adulto, deixei o que era próprio de criança. Agora vemos como em espelho e de maneira confusa; mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei como sou conhecido. Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor. Amor a Deus, amor aos irmãos. Amor que transforma, que tudo crê, suporta e dura. O amor é a energia que permeia a vida e nos faz encontrar sentido no existir, na missão, na alegria e na dor. O amor permanece, mas requer continuo cuidado e cultivo.

O Evangelho (Lc 4,21-30) mostra Jesus no conflito com os fariseus e doutores da lei. Discutiram, discordaram, criaram confusão, queriam mata-lo. É por vezes o peso da missão, da ética, da justiça, da integridade de vida, da fidelidade.  Mas uma certeza pode-se ter: Jesus está sempre ao nosso lado e nos anima a seguir o caminho.

Rezemos com a Igreja: Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo coração e amar todas as coisas com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo…

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering
Bispo diocesano