JESUS NAS BODAS DE CANÁ

Passado o tempo de Natal já estamos no 2º domingo do tempo comum do ano de 2019. A cor litúrgica deste final de semana é verde. Sinal de esperança.

A Palavra de Deus (Jo 2,1-11) nos apresenta as Bodas de Caná da Galiléia. Jesus, os discípulos e Maria foram convidados para uma festa de casamento.  É um Evangelho conhecido porque aprendemos desde criança que em Caná da Galiléia Jesus realizou o primeiro milagre. Deste evangelho queremos apresentar três ensinamentos. Primeiro: a festa estava animada, mas a mãe de Jesus percebeu que eles “não têm mais vinho”. E qual foi a atitude de Maria! Em silêncio foi até Jesus e pediu que Jesus intercedesse em favor dos noivos afim de que eles não passassem vergonha diante dos convidados. Que exemplo bonito para a nossa vida! A atitude de Maria foi bem diferente de muitas das nossas ações. Em vez de criar um clima de incerteza, de ficar comentando a falta de provisão… Maria tomou a iniciativa e solicitou que Jesus fizesse algo em favor daquela família. E todos nós conhecemos o resultado. As seis grandes vasilhas de água se transformaram em vinho.

O segundo ensinamento diz respeito ao vinho. Na Bíblia a palavra vinho, mais do que uma bebida era sinal de “alegria, de encontro de famílias”. O Evangelho faz questão de dizer que o vinho, fruto do milagre de Jesus “era vinho bom”. Até se repetiu uma frase: “Deixar o vinho bom para o fim da festa”. Jesus é o vinho bom que alegra os corações, que gera fraternidade, que reergue os corações enfraquecidos, que devolve a alegria aos corações. O Evangelho é o “vinho bom” que Deus oferece a todos aqueles que seguem o caminho de Jesus. Quando nos afastamos de Deus, da Igreja, da comunidade, rejeitamos o “vinho bom” e preferimos o vinho estragado pelo pecado, pelo vício, drogas, prostituição, injustiça, pecado, ganância, egoísmo. O “vinho bom” é a vida da graça, o perdão recebido, o irmão acolhido, a fé vivida, o sorriso oferecido a quem chora. O “vinho bom” é a vida da comunidade, a visita ao doente, a justiça praticada. Ser cristão é “beber” diariamente do “vinho bom” que Deus nos oferece.

O terceiro ensinamento é a mensagem central deste evangelho. Nas bodas de Caná, além de Jesus realizar o seu primeiro sinal, o Evangelho ensina que Deus quer a alegria da salvação para todos. Jesus inicia sua missão numa festa de família, num clima de alegria. Através do milagre, Deus revela seu amor pela humanidade e quer que todos sejam convidados para a grande festa do Reino. A festa da vida, da partilha, da esperança, da salvação, de sermos irmãs uns dos outros, viver a fé, ser membro de uma comunidade, ajudar os irmãos que necessitam. A festa da vida e anunciar o Evangelho a quem está longe de Deus. Implantar a justiça e a partilha são sinais de que somos convidados por Deus para participar da festa do Reino.

Neste sentido São Paulo (1Cor 12,2-11) afirma que neste convite para participar da festa do Reino todos recebemos de Deus dons, carismas e ministérios. “Há diversidade de ministérios, mas mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas”. Ninguém é convidado para a festa do Reino para o egoísmo e fechamento em si mesmo, mas para sermos fraternos, pois tudo que somos, temos, todas as capacidades, dons e ministério não é para honra própria, mas para o bem de todos. Cada um recebe dons, capacidades para desenvolver em benéfico da comunidade e em vista do bem comum.

Nossa missão é convidarmos mais pessoas para participarem do banquete da vida e saborear do “vinho bom” que Deus reserva a cada um de nós. E ainda mais: Que não sejamos na família, no ambiente de trabalho, na comunidade “pessoas com azedume, como vinho estragado”, mas que sejamos o “vinho bom”, conhecidos/as e admirados pela bondade, alegria, acolhimento, sorridos, dedicação, partilha e perdão.

Rezemos com a Igreja: “Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo”...

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

Dom Juventino Kestering
Bispo diocesano