JESUS, O REI DO UNIVERSO

Neste final de semana a Igreja celebra Jesus Cristo, Rei do universo. Esta festa teve inicio com o papa Pio XI em 1925. É lembrado no último domingo do ano litúrgico como “ponto de chegada de todo o mistério celebrado, para dar a entender que Ele, Jesus o Rei do Universo é o fim para o qual se dirigem todas as coisas”.

Jesus, o Filho de Deus está diante de Pilatos que o interroga: “Tu és o rei dos Judeus”? Jesus respondeu: “Tu o dizes, eu sou rei”, e continuou: “O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue”. Jesus é nosso rei. Mas que rei? Ele não está em tronos, nem possui exército, armas e soldados. Jesus deu o exemplo do seu reinado. Conquistou-nos num gesto de amor. Ele assumiu todas as nossas fragilidades e nos libertou do poder do mal e do pecado e se torna o Senhor Absoluto da natureza humana ressuscitada, liberta, salva.

Durante sua vida, Jesus acolhia as pessoas, vivia como um peregrino de vila em vila, de cidade em cidade. Caminhava a pé, de barco. Tinha carinho e amor especial pelos doentes, pobres, sofridos e leprosos. Sabia dar uma palavra de ânimo e de esperança para todos. No final de sua vida apontou para a tonalidade de seu reinado. Ele o  Mestre, tomou uma bacia com água e começou a lavrar os pés dos discípulos. O Rei- Mestre lava os pés dos discípulos. E conclui: “Vocês entenderam tudo que vos fiz? Se Eu sou o vosso mestre e Senhor e lavei os pés assim também cada um de vós deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13, 12-15).

Falar em “rei, chefe, presidente e outros afins” é sempre temeroso, pois o imaginário da população está associado à opressão, corrupção, vantagens e interesses próprios. Nesse tempo de tantas mentiras, desigualdades, competição, guerras, violência, insegurança, Jesus Rei é luz e verdade que não se apresenta como uma ideia, mas como uma pessoa: Jesus Cristo. Trilhar o caminho da verdade é andar no caminho de Jesus, pois Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo, 10,14). “Eu nasci e vim para isso: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. Jesus é o Rei da humanidade redimida, destinada à ressurreição, à vida eterna, que pratica a reconciliação, a fraternidade com preferencia aos pobres e humildes.

O reinado de Jesus é marcado por atitudes como o amor, perdão, serviço, vida, gratuidade e verdade. Ele é único Rei a quem se adora, reverencia na eucaristia, nos sacramentos, no irmão sofredor, no cotidiano da vida. “Oferecendo-se na Cruz, vítima pura e pacífica, realizou a redenção da humanidade. Submetendo ao seu poder toda criatura, entregará à vossa infinita majestade um reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz”. A humanidade ainda está longe de assumir a mensagem de Jesus rei como núcleo orientador da vida, como horizonte para as decisões e comportamentos. Ele quer reinar no coração que ama, que busca a conversão e a compaixão pelo que sofre. Coração que recria vida, esperança e alegria. Coração que faz a experiência de ser amado por Deus.

O livro do Apocalipse (1,5-8) ensina: “Eu sou o alfa e o ômega, aquele que é, que era e que vem, o todo poderoso”. Deus é desde o princípio e não tem fim. “Seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7,15). O Povo de Deus eleva em prece: “Deus que dispusestes restaurar todas as coisas em vosso Filho Amado, Rei do Universo, fazei que todas as criaturas, libertas da escravidão e servindo à vossa majestade vos glorifiquem eternamente”.

Para o Papa a “lógica do evangelho é oposta à do mundo e por isso é na Cruz que Jesus se revela rei. Mas alguém pode dizer “mas, isto foi uma falência’. Mas é justamente na falência do pecado, das ambições humanas, que está o triunfo da Cruz, da gratuidade do amor. Na falência da Cruz vê-se o amor”. “Falar de potência e de força significa fazer referência à potência da Cruz e à força do amor de Jesus. Se Ele tivesse descido da Cruz, teria cedido à tentação do príncipe deste mundo; ao invés, Ele não se salva a si mesmo para poder salvar os outros”.

Rezar com a Igreja: Deus eterno e todo-poderoso, que dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, rei do universo, fazei que todas as criaturas, libertas da escravidão e servindo à vossa majestade, vos glorifiquem eternamente. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo diocesano de Rondonópolis-Guiratinga