DAR SENTIDO PARA A VIDA

Neste 31º domingo a Igreja Católica celebra dia de Todos os Santos e Santas. É celebração solene e favorável para elevar o olhar das realidades terrenas para a dimensão de Deus, a dimensão da eternidade e da santidade. Este é o dia em que a Igreja recorda que a santidade é a vocação primeira de cada batizado e que somos chamados a viver em santidade por vontade de Deus. Compreende-se melhor o sentido da festa de Todos os Santos, através da vida de cada santo e santa, suas diferentes trajetórias de vida, seu exemplo e testemunho de fé, de fidelidade a Deus, à missão e às pessoas. Os caminhos de santidade tem uma mesma meta: seguir Cristo, amar os irmãos, doar a vida por eles, promover a justiça, a caridade, a solidariedade.

“Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas? A eles que, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é nosso, não deles, mas é através deles que podemos encontrar caminhos para o encontro com Jesus Cristo”. (São Bernardo).O Papa Francisco ensina: “A festa de Todos os Santos lembra que o objetivo da nossa existência não é a morte, mas o Paraíso. Os Santos, amigos de Deus, nos asseguram que esta promessa não decepciona. Em sua existência terrena, eles viveram em profunda comunhão com Deus, tornando-se semelhantes a Ele. No rosto dos irmãos humildes e desprezados eles viram o rosto de Deus, e agora o contemplam face a face em sua beleza gloriosa”, disse Francisco.

E continua o Papa: “Santos são pessoas que antes de chegar à glória do céu viveram uma vida normal, com alegrias e tristezas, fatigas e esperanças, mas quando conheceram o amor de Deus, o seguiram de coração, sem nenhuma condição ou hipocrisia”“Eles dedicaram sua vida a serviço dos outros, suportaram sofrimentos e adversidades sem odiar e respondendo ao mal com o bem, difundindo alegria e paz. Os santos nunca odiaram. O amor é de Deus. Os Santos são homens e mulheres que têm alegria no coração e a transmitem aos outros. Não devemos odiar os outros, mas servir aos outros, os necessitados, rezar e se alegrar: este é o caminho da santidade”.

A santidade brota do sacramento do batismo. O Concílio Vaticano II ensina que a santidade é vocação para todos. Somos chamados a percorrer o caminho que leva Deus e ao encontro com os irmãos.

O Evangelho (Mt 5,1-12)  apresenta as Bem-Aventuranças como caminho de vida “para aqueles que não depositam sua confiança nas coisas, mas no amor de Deus; para aqueles que têm um coração simples, humilde, que  não julgam os outros. Essas pessoas sabem sofrer com os que sofrem e se alegrar com os que se alegram. Não são violentos, mas misericordiosos e buscam ser artífices da reconciliação e paz”. Os santos e santas de Deus foram pessoas que viveram um caminho de vida, por meio de Cristo, no serviço, na caridade, na missão, na tolerância, na obediência, na simplicidade, na humildade. São santos e santas operários, pobres mendigos, adolescentes, profissionais, jovens, homens casados, mães de família, empregados, sacerdotes, militares, virgens, mártires, religiosas e religiosos que se tornaram sinal do amor de Deus nos lugares onde residiam! Homens e mulheres, que por vezes, passaram fome, perseguições, sede, doenças, prisões, injustiças; mas souberam enfrentar com ardor fervoroso esses embates da vida sem perderem o entusiasmo pela Pátria definitiva, a cidade do céu. É Deus que nos santifica. “Ó Deus, santo é o vosso proceder”, reza o salmista. São Paulo encoraja: “Mas fostes lavados, santificados, justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito Santo” (1Cor 6,11). “Já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Ef 2,19).  Deus nos chama para a santidade através de vida digna de seguidor de Jesus Cristo. As Bem-aventuranças são as balizas para o caminho da santidade: Ter um coração depreendido, promover a paz, a justiça, compadecer-se dos que sofrem e choram, ser misericordioso e mesmo no sofrimento encontrar a alegria de viver e de servir ao irmão.

A vida é dom de Deus e nela está inserida a semente da santidade. É através do esforço pessoal, da inserção na comunidade, no modo de ser na sociedade que cultivamos dentro de nós valores, posturas de vida e testemunho que nos faz crescer no caminho da santidade. O Papa Francisco na Exortação Apostólica “O chamado à Santidade no mundo atual” tem belas intuições. Assim, nº 7 ensina. “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e nas mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para a casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes santidade ‘ao pé da porta’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus”. No nº 9 resume: “A santidade é o rosto mais belo da Igreja”. E no nº 14 orienta: Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que, a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra”.

Rezemos com a igreja: Deus eterno e todo poderoso, que nos dais celebrar numa só festas os mérito de todos os santos, concedei-nos, por intercessores tão numerosos, a plenitude da vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo…

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering
Bispo diocesano