A PADROEIRA DO BRASIL

No dia 12 de outubro, a Igreja celebra Nossa Senhora da Conceição Aparecida a Padroeira do Brasil. Trata de um dia importante na religiosidade popular. É a presença de Maria, Mãe de Jesus, que caminha como peregrina da fé junto ao povo brasileiro.
Maria é a “cheia de graça” (Lc 1,28), a “Mãe do meu Senhor” (Lc 1, 43), que “é bendita entre todas as mulheres” (Lc 1, 42). Maria gerou em seu seio o menino Jesus e estava presente no dia de Pentecostes, dia da Igreja nascente e evangelizadora.
O Catecismo da Igreja Católica, nº 437 ensina: “O anjo anunciou aos pastores o nascimento de Jesus como o Messias prometido a Israel: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu-vos um Salvador que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11). Desde o início Ele é “aquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo” (Jo 10,36), concebido como “Santo” (Lc 1,35) no seio virginal de Maria. José foi chamado por Deus “a receber Maria, sua mulher” grávida” d’ aquele que foi gerado nela pelo Espírito Santo” (Mt 1,21), para que Jesus, “que se chama Cristo” nascesse da esposa de José na descendência messiânica de Davi” (Mt 1,19).
O único salvador da humanidade é Jesus, mas Ele foi cuidado por Maria. Ela o amamentou, deu-lhe banho, cuidou dele quando esteve doente, introduziu-o na experiência religiosa da fé judaica e esteve com ele junto à cruz. Ela foi uma discípula fiel. O Papa Francisco ensina que “Maria é mais importante que os apóstolos”. Não se trata de orgulho ou soberba, mas de qualidade na entrega ao reino do Senhor e na humildade.
Maria teve uma predileção de Deus. Escolhida para ser a Mãe do Salvador. Por isso não se pode maltratar a Mãe de Jesus. Qual filho que gostaria de ver a sua mãe ser desprezada, maltratada, ofendida, debochada ou ignorada? Por outro lado, não se pode idolatrá-la ou adorá-la dando-lhe o lugar de Jesus. Temos afeto, respeito e veneração para com Maria e as imagens dela, que temos em nossos templos e casas. Tem o sentido de um álbum da família cristã, onde pessoas que viveram a fé exemplar são testemunhas permanentes a nos ensinar como seguir a Cristo.
A devoção a Nossa Senhora ensina a viver a fé encarnada e nos sinaliza para vida real como ela rezou: “Minha alma exalta o Senhor e meu espírito se enche de júbilo por causa de Deus, meu Salvador, porque ele pôs os olhos sobre a sua humilde serva. Sim, doravante todas as gerações me proclamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez por mim grandes coisas: santo é o seu Nome. A sua bondade se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem. Ele interveio com toda a força do seu braço; dispersou os homens de pensamento orgulhoso; precipitou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes; os famintos, ele os cobriu de bens e os ricos, despediu-os de mãos vazias. Veio em socorro de Israel, seu servo lembrado de sua bondade, como dissera aos nossos pais em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. (Lc 1,46-55). Depois da ressurreição de Jesus, Maria reza com a Igreja nascente: “Todos, unânimes, eram assíduos na oração, com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus” (At 1,14).
A história de Padroeira do Brasil nos ensina: “Na segunda quinzena do outubro de 1717, três pescadores, Filipe Pedroso, Domingos Garcia e João Alves, ao lançarem sua rede para pescar nas águas do rio Paraíba, em Guaratinguetá, SP, colheram a imagem de Nossa Senhora da Conceição, no lugar denominado Porto do Itaguaçu. Felipe Pedroso levou-a e a guardou até 1732, quando a entregou a seu filho Atanásio Pedroso. Este construiu um pequeno oratório, onde colocou a imagem da Virgem, que ali permaneceu até 1743. Todos os sábados, a vizinhança se reunia no pequeno oratório para rezar o terço. Devido à ocorrência de milagres, a devoção a Nossa Senhora, com o nome de Nossa Senhora Aparecida, começou a se divulgar. Em 26 de julho de 1745, foi inaugurada a primeira Capela. Um novo templo, bem maior, foi inaugurado em 8 de dezembro de 1888. Em 8 de setembro de 1904, por decisão do Papa Pio X, a imagem foi solenemente coroada. Em 29 de abril de 1908, foi concedido ao Santuário o título de basílica menor. Pio XI declarou e proclamou Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil em 16 de julho de 1930. O Papa Paulo VI, no dia 5 março de 1967, ofereceu a ‘Rosa de Ouro’ à Brasílica de Aparecida. Em 1972, começou a construção da nova Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, solenemente consagrada pelo Papa João Paulo II em 4 de julho de 1980”.
Que Nossa Senhora Aparecida tenha compaixão do povo brasileiro que passa fome, é usurpado de seus direitos, vítima da corrupção de políticos que arrebentaram com as finanças públicas. Povo vítima da má administração pública e descaso com os pequenos, pobres, índios, negros, moradores de favela e cortiços. Que Nossa Senhora derrame abundantes graças e bênçãos sobre as crianças. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados. Que Nossa Senhora Aparecida abençoe o Brasil, as famílias e todo povo brasileiro.

Dom Juventino Kestering
Bispo diocesano