SER MISSIONÁRIO/A: UM CHAMADO

Outubro, mês dedicado às Missões. A Igreja por sua origem é missionária. O pedido de Jesus é de ir, partir pelo mundo afora e anunciar o evangelho. O Papa Francisco nos desafia com as palavras: “Igreja de saída, não igreja fechada em si mesma”. Desde as origens homens e mulheres, deixaram sua pátria, sua família e partiram pelo mundo para anunciar o Evangelho. Graças a estes missionários/as temos hoje a alegria de conhecer Jesus Cristo, caminho, verdade e vida.

Com Concílio Vaticano II, (1962-65) o conceito e a prática de missões passaram por mudanças. Pelo batismo todos são chamados a ser missionários. Neste ano de 2015 a Igreja Católica escolheu para o mês missionário o tema: “Missão é Servir” e o lema: “Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos” (Mc 10,44), com base na narrativa do Evangelho, onde Cristo centraliza no serviço o perfil dos discípulos e missionários. Servir é uma das palavras que identifica a missão.

A Palavra de Deus (Mc 10,2-16) neste 27º domingo do tempo comum nos remete para a reflexão sobre o sentido da criação e em especial a criação do homem e da mulher. A reflexão nos abre para alguns horizontes.

Destaca-se a importância da obra criadora de Deus que é o universo, as plantas, animais, a fertilidade da terra e tudo que a povoa. O planeta existe para ser a morada dos filhos e filhas de Deus. Mas hoje o planeta terra está sendo dizimado pela poluição, desmatamento, queimada, assoreamento dos rios, gazes no ar, venenos. Andar pelas terras do Mato Grosso tem-se sensação de um Estado praticamente desmatado. “Esta irmã terra clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que «geme e sofre as dores do parto» (Rm 8, 22). Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos. O Planeta é nossa casa comum”, afirma o Papa.

Um segundo horizonte aponta para a criação do homem e da mulher. Criados para amar, para serem felizes, para louvar a Deus, formar a comunidade humana e realizar o projeto de vida. Mas apesar de tantos avanços na ciência ainda se vê em grande escala o ser humano machucado, a mulher explorada, crianças abandonadas e famintas, multidões desvalidas e suportando a vida na pobreza, nos barracos e nos cortiços. Os pobres são um clamor constante em favor da dignidade da pessoa e da justiça. Dói o coração humano ver a situação dos refugiados das guerras peregrinando para Europa. Dói o coração humano, ver os povos indígenas abandonados, reclusos em pequenas reservas, sem assistência.

Outro horizonte é a união entre o homem e a mulher. É tendência natural a coabitação, mas dentro dos parâmetros da fidelidade, do amor, do respeito e da dignidade. O evangelho afirma: “Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim já não são mais dois, mas uma só carne. Portanto o que Deus uniu o homem jamais separe” (Mc 10,7). O evangelho é encorajamento a todos os jovens que se preparam para o casamento e para vida dos casais. O ideal de um casamento estável, de uma família feliz, de harmonia entre pais e filhos que é vivido e experimentado em muitos lares. Já inventaram os lugares mais lindos e sofisticados do mundo, mas nada é mais aconchegante do que o seu lar e a sua família. A busca de felicidade, alegria em viver, saúde física e emocional passa pela experiência de um lar em harmonia e pela vivencia do amor que fortalece a vida. Mas são tantas a realidades de lares desfeitos, mulheres e homens machucados emocionalmente, filhos só com a mãe ou só com o pai. Nesta realidade há muito esforço de reconstrução, de cuidado, de vida.

Rezar com a Igreja: Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis, no vosso imenso amor de Pai, mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Recordemos que neste dia 07 de outubro somos convocados a exercer um direito fundamental do regime democrático: voto. Este ano eleitoral segue marcado por um acentuado desencanto com os políticos e com a política, marcado pela crise ética, pelo clima de ódio e intolerâncias e até ameaças a democracia. “O bem da nação requer de todos a superação de interesses pessoais, partidários e corporativistas. A polarização de posições ideológicas, em clima fortemente emocional, gera a perda de objetividade e pode levar a divisões e violências que ameaçam a paz social” (Nota da CNBB, 13 de abril de 2016). O voto é da sua consciência, mas vote em candidatos/as que estejam comprometidos com políticas públicas que defendam e promovam a dignidade da vida em todas as suas fases, a inclusão dos excluídos e injustiçados, das mulheres, dos idosos, dos jovens, das crianças, das populações indígenas e dos mais vulneráveis. O voto é nossa melhor força para alcançar isso.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo diocesano