QUEM DIZEM QUE EU SOU?

Estamos no 24º domingo do tempo comum. A cor litúrgica deste domingo é verde, sinal de esperança. Setembro é mês dedicado à Bíblia. A Palavra de Deus (Mc 8,27-35) nos coloca frente a frente com Jesus Cristo. Jesus caminhava na região de Cesaréia de Felipe. No caminho perguntou: “Quem dizem os homens que eu sou”? Os discípulos deram respostas diversas, evasivas e comparativas. Jesus não ficou satisfeito com as respostas. E perguntou novamente: “E para vós, quem dizeis que eu sou”? Os discípulos ficaram desorientados. Porém Pedro tomou a palavra e disse: “Tu és o Messias, o filho do Deus vivo”. Não foi uma resposta evasiva, intelectual e decorada. Mas resposta que brota da experiência do encontro, da descoberta de Jesus Cristo, coração, do seguimento, da proximidade, do coração. Essa experiência de Pedro é importante para a educação da fé na realidade atual.

No mundo plural, com multiplicidade de opiniões o cristão precisa se situar na fé. O que sustenta não são somente os conhecimentos intelectuais ou informações recebidas. A fé se solidifica quando se faz a experiência do encontro com Jesus Cristo.

As Diretrizes Pastorais da Igreja Católica no Brasil insistem nesta dimensão do encontro com Jesus Cristo. É a passagem da superficialidade da fé, para a profundeza mais sólida, como base de fé, de descoberta e de compromisso com Jesus Cristo e com a comunidade. O encontro com Jesus Cristo é um processo de vida, é uma caminhada lenta, mas gradativa. E quem se encontra com Jesus Cristo quer irradiar aos outros. Assim torna-se um evangelizador. Ir ao encontro de outras pessoas e levar a mensagem de Jesus. Porém Jesus Cristo alerta aos seus seguidores: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8,34). Fazer a experiência do encontro e do seguimento com Jesus Cristo implica com as exigências do Reino de Deus. É fácil louvar ao Senhor, mas é preciso dar um passo a mais: Seguir, ir ao encontro, traduzir a fé em gestos, em atos concretos de justiça, de verdade e de solidariedade.

Neste sentido a carta de Tiago (2,14-18) nos ajuda a compreender a fé. “Que adiante alguém dizer que tem fé quando não a põe em prática. Assim, se a fé não se traduz em obras, por si só está morta”. A fé se traduz em gestos, em obras de solidariedade, de caridade, de ética e de amor aos irmãos. Isso é desafio para os dias atuais: passar da busca da fé, como consolo interior, fechado em si mesmo, em seu mundo pessoal para fé como serviço aos irmãos e construção do Reino de Deus. A fé e o seguimento de Jesus sinalizam para compromissos como a persistência, o amor aos irmãos e realização de ações concretas na comunidade. Graças a este compromisso que temos nas nossas comunidades, catequistas, animadores de liturgia, engajados nas pastorais sociais, gente que faz visita aos hospitais e presídios. Ajudam os necessitados e promovem a vida.

O profeta Isaias nos anima. “O Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixarei abater o ânimo e me conservarei impassível como uma pedra e sei que não serei humilhado” (Is 50,7). “O Senhor Deus é meu auxiliador”. Deus caminha ao nosso lado e não abandona aquele que Nele confia.

Papa Francisco nos ensina: “Espero que todas as comunidades se esforcem por atuar os meios necessários para avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária que pode deixar as coisas como estão. Neste momento, não nos serve uma “simples administração”. Constituamo-nos em “estado permanente de missão” em todas as regiões da terra. Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, estilos, os horários. a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à auto preservação.. que coloque os agentes pastorais em atitude constante de “saída” e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade.(cf EG 25.27)

Rezemos com a Igreja: Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

Dom Juventino Kestering

Bispo diocesano de Rondonópolis-Guiratinga