O QUE FALA O CORAÇÃO?

Estamos no 22º Domingo do tempo comum. Verde é a cor litúrgica. Início do mês da Bíblia. Semana da Pátria, lugar morada de todos os cidadãos e cidadãs. Direitos e deveres iguais, mas para a maioria ainda pesa difícil encargo de sofrimento, desemprego, doença, evasão escolar, violência. Vivemos num pais de contrastes com 13 milhões de pessoas desempregadas, 26 milhões entre desemprego e emprego informal.
A fome retorna nos lares brasileiros. A educação não sai da estagnação. Neste contexto somos Igreja anunciadora da Boa Nova de Jesus Cristo.

A Palavra de Deus é de Mc 7,1-23. Jesus adentra numa discussão com fariseus, mestres da lei. Julgavam-se perfeitos, sabedores das leis e se colocavam com privilégios acima do povo. Aproximaram-se de Jesus, não para escutá-lo, mas para discutir. Sim há pessoas que não sabem escutar e nem dialogar, mas são expertas em discutir, discordar, argumentar para machucar o outro, para destruir projetos de vida e de sociedade. E a discussão que os fariseus provocaram não era em cima de assuntos importantes como a vida, a justiça, o respeito, a fé, a partilha, a honestidade, o amor ao próximo, o sofrimento do povo, a fome, mas discussões sobre temas sem importância como alguns costumes, tradições, formas de lavar prato, de lavar as mãos.

Jesus não entrou nesta conversa, pois para Jesus o mais importante são as pessoas, a vida, a salvação, a fraternidade, a partilha, o Reino de Deus. “Abandonais os mandamentos de Deus para seguir os ensinamentos as tradições humanas”. Os fariseus e mestres da Lei inverteram os valores e as prioridades. Jesus age duramente com eles, pois travavam a liberdade da Boa Nova, impediam que o anúncio do Reino de Deus realizasse. O povo estava atento, saia à procura de Jesus, tiravam tempo para ouvir Jesus, acolhiam a boa nova com alegria e disto os mestres da lei se incomodavam e a todo custo queriam atrapalhar a missão de Jesus.

No final das discussões Jesus reúne os discípulos e esclarece: “O que sai do interior da pessoa, da sua mente, isto sim pode tornar impuro. Com efeito, é na mente, é no coração que nascem os pensamentos, as palavras e ações, as intenções malignas premeditadas, os propósitos maus da vontade, que já são pecados de pensamento; prostituições, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, malícias, devassidão, inveja, difamação, arrogância, a insensatez que leva a não distinguir mais o bem do mal e a viver como se Deus não existisse. Todos esses males saem de dentro da  pessoa, são eles que a tornam impura, desonesta, arrogante, invejosa”.

A nossa consciência e a vida precisam ser moldadas à luz da Palavra de Deus, Palavra revelada. Formar e disciplinar a mente, o coração, as intenções e os sentimentos com valores fundantes porque o que se faz de bem ou de mal começa num pensamento, numa intenção, num sentimento. De um coração bondoso, povoado por Deus, cheio de valores brota como de fonte pura os bons pensamentos que se concretizam em boas ações e atitudes.

Nesta mesma direção São Paulo exorta a Tiago (1,17-7) exorta: “todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto; descem do Pai das luzes, no qual não há mudança nem sombra de variação. “De livre vontade ele nos gerou, pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que as primícias de suas criaturas. “Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada e que é capaz de salvar as vossas almas. Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Com efeito, a religião pura e sem mancha dian­te de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mal”.

O que soma para a vida são as atitudes do coração, o desejo de fazer o bem, ir ao encontro do outro, ouvir o grito dos que sofrem, de trilhar o caminho da ética, da justiça, da lealdade. Isto só se consegue com fé, com amor à Palavra de Deus, com vida comunitária,  com participação nos sacramentos, com oração, com alegria e amor aos irmãos.

Rezemos com a Igreja “Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo”…

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese abençoe e proteja a família. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados. Vamos irradiar alegria e fé e fazer coisas boas.

 

Dom Juventino Kestering

Diocese de Rondonópolis-Guiratinga