SEGUIR O MESTRE

Estamos no 21º domingo do tempo comum. O espaço litúrgico e a cor dos paramentos são verdes. Sinal de esperança e vida. A canção canta: “Se ouvires a voz do vento, chamando sem cessar, se ouvires a voz do mundo querendo te enganar! A decisão é tua”! O mês de agosto é convite para reflexão sobre as mais diversas vocações, cada uma com sua beleza, seu perfume, sua fragrância. Celebram-se e comemoram os diversos ministérios na Igreja:  Hoje a vocação leiga e em especial do catequista. Tão bela como as  demais vocações específicas que há na Igreja. Na comunidade, tem espaço e serviços para todos. É preciso que cada pessoa escute, desenvolva e cultive o dom de Deus que há dentro do seu coração e o coloque a serviço da comunidade.

No Evangelho (João, 6,60-69) apresenta as exigências desse seguimento ao Mestre. Depois dos ensinamentos de Jesus, sobre o “Pão da Vida”, alguns de seus discípulos reclamam da dureza dessas palavras, do seu seguimento e voltam atrás, abandonam o Caminho. Em muitas passagens bíblicas, percebe-se o quanto Jesus  percorre diferentes lugares, sem nenhuma segurança, sem saber onde vai dormir, o que vai comer, como será acolhido. Ele vai sem nada, é um desapego total. Ele se esvazia do que tem para ir ao encontro das pessoas. Nesse mesmo texto, percebe-se também a liderança de Pedro. Jesus, ao ver que muitos o abandonam, pergunta aos doze se também eles querem deixar esse projeto. E Pedro convicto desse seguimento responde: “A quem iremos Senhor? Tu tens palavra de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus”.

“Caminheiro, você sabe, não existe caminho, passo a passo, pouco a pouco, e o caminho se faz…” O caminho se faz a cada dia. O convite ao seguimento de Jesus é para todos, mas cada pessoa dá a sua resposta livremente, conforme o desejo de seu coração e o chamado de Deus. A resposta exige cultivo, paciência, perseverança, fidelidade, doação, confiança, humildade, reconhecimento, permanente aprendizado com a arte de viver em comunidade, de servir, de aprender com os mais humildes.

No livro de Josué (24,1-18), lemos que o povo hebreu estava se desviando do Projeto de Deus e seguindo outros deuses, ídolos e costumes. Diante disso, Josué, líder do povo toma uma atitude: Convoca as tribos, os anciãos, chefes, juízes e magistrados. Faz a eles um questionamento: Qual a decisão: Vocês querem servir aos deuses dos Amorreus, rejeitando o Deus que nos libertou e nos conduziu pelo caminho do deserto rumo à terá prometida?  E o povo recorda, recorda, faz memória do Deus libertador que os tirou da escravidão no Egito. “Longe de nós abandonarmos o Senhor para servir a deuses estranhos… Nós também serviremos ao Senhor”. A catequese de iniciação à vida cristã se inspira neste texto. Mais do que ensinos ou normas morais, convida o catequizando a fazer memória, a recordar e sentir o quando Deus ama e o que Ele quer de cada um de nós.

São Paulo, na carta aos Efésios (5,21-32), fala do amor que devemos ter à vocação que assumimos. A Igreja é comparada como a esposa de Cristo, assim há uma beleza na fidelidade entre um casal, quando realmente existe amor, reciprocidade, comunhão, perdão. E exorta a que sejamos discípulos missionários do Mestre. Quem tem o dom de anunciar, anuncie o Cristo! Quem tem o dom de proclamar, proclame a grandeza do Criador! Quem tem o dom de cantar, cante e incentive os outros a cantar. Quem tem o dom de tocar, toque com toda alma, suavemente, como agradecimento a vida! Quem tem o dom de ouvir, ouça com ternura, e acalente as dores, angústia de quem te procura. Quantos leigos e leigas, catequistas, diáconos, religiosos e religiosas, padres, bispo e nosso Papa doam a vida a serviço do anuncio de Jesus Cristo, a serviço da justiça, da ética, do evangelho, da comunidade, da família e da construção do Reino!

Papa Francisco ensino que vocação é escutar, discernir e viver a Palavra de Deus, ler os sinais dos tempos com os olhos da fé, descobrir a própria vocação através do discernimento e desenvolver a capacidade de ler os acontecimentos da vida e identificar o que o Senhor quer de nós, para continuarmos a sua missão”. Insiste ainda na necessidade deassumir a própria vocação que se realiza no hoje! A missão cristã é para o momento presente! Cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimônio, à vida sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de consagração – a ser testemunha do Senhor, aqui e agora”.

Rezar com a Igreja: Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo…

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese abençoe e proteja nossa família. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados. Vamos irradiar alegria e fé e fazer coisas boas.

 

Dom Juventino Kestering
Diocese de Rondonópolis-Guiratinga