UM TESTEMUNHO DE VIDA CONSAGRADA

Sou pantaneira, a décima filha dentre doze filhos. Das mulheres, sou a quinta, e também caçula. Meus pais e avós também eram pantaneiros mato-grossenses. Meu pai morava às margens do rio Bugres e Paraguai. Semeava e também pescava, era canoeiro e guia do bispo pelas comunidades do interior.

Nunca imaginava ser religiosa. Na minha infância eu conversava com minhas colegas de escola, também sonhava em casar e ter 05 filhos.  Contudo, na minha adolescência, aos 16 anos, o Senhor me chamou para ser religiosa. No meu coração dizia que não servia para isso, porque gosto de sorrir e brincar com as pessoas, então não poderia ser “freira”. Mas Deus insistiu, queria a Ida sorridente e espontânea, para também cativar as pessoas.

Decidi ingressar no convento aos 17 anos de idade, estava terminando o magistério e fui morar numa cidade que não conhecia: Rondonópolis. Gostei desde o primeiro dia que cheguei. Pertenço a um grupo de formandas que ao todo éramos 23 e dessas, sobrou somente eu, e muitas duvidavam da minha permanência, devido a minha espontaneidade.

Tornei-me religiosa, aos 23 anos! Feliz da vida! Era 01 de janeiro de 1995. Minha primeira experiência como religiosa, foi entre os ribeirinhos do Amazonas. Nesse sim missionário, morei três vezes no Amazonas, em diferentes regiões, cada lugar com sua cultura, beleza e dificuldades. Aprendi muito com a falta do necessário, alto custo de vida, solidão, silêncio e contemplação.

Atuei também com os sem-terra, indo nos grupos de carona, chorei junto com as mulheres, pela destruição dos arrozais feita com trator do fazendeiro. Esse grupo também me ensinou a partilha. Mais tarde trabalhei com os sitiantes. Chegava de carona na comunidade e visitava os doentes a cavalo, indo levar a eucaristia.

Hoje sou religiosa professora. Feliz com essa minha profissão! O fato de ser uma escola pequena do campo, procuro atender e oferecer o que posso, não somente aos meus alunos, mas também às crianças e aos demais profissionais da escola. Todos solicitam um pouco de atenção: música para os pequenos, sorriso, atenção e escuta aos adultos.

Sou muito grata a Deus pela minha vocação. Ainda estou aprendendo. O povo tem me ajudado a ser uma missionária. Em meio aos desafios da vida missionária, há sempre sorrisos, olhares e abraços que nos acalentam.

Sou também grata a pessoas amigas missionárias que tanto contribuíram para que eu pudesse ser uma religiosa do povo. Todo meu ser missionário, olho e contemplo o testemunho de pessoas mais vividas e que me apoiaram e acreditaram na minha vocação. São pessoas queridas que colaboram com as orações e presença significativa na minha vida.

Senhor, obrigada por sempre caminhar comigo! Obrigada por ter colocado pessoas para me mostrar o caminho! Obrigada por cada presença amiga, pelo colo, ensinamento, paciência e alegria. Feliz dia das religiosas e dos religiosos.

Irmã Ida Farias
Irmã Catequista Franciscana